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A Autoeuropa vai retomar a produção na máxima força a partir desta segunda-feira, 8 de fevereiro. A fábrica de Palmela conseguiu contratar trabalhadores temporários para ocupar o lugar dos 200 operários que estão em casa a tomar conta dos filhos por causa do encerramento das escolas. A unidade portuguesa do grupo Volkswagen está a ser pressionada para responder às encomendas na Alemanha.
“Segunda-feira, a partir da meia-noite, voltaremos ao horário AE 19”, adiantou ao Dinheiro Vivo o coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, Fausto Dionísio. Fonte oficial da empresa confirma: “foram contratados 200 trabalhadores temporários”. Não se sabe por quanto tempo estes elementos vão ficar na unidade industrial. Além de cobrirem os pais a tomarem conta dos filhos, estes operários poderão compensar colegas que tenham de ficar em quarentena por causa do coronavírus
Com o plano em ação a partir de segunda, a fábrica volta a ter 19 turnos de laboração por semana: laboração contínua nos dias úteis e dois turnos ao sábado e ao domingo. A linha de montagem também vai sair reforçada, com a produção, em média, de cerca de 900 automóveis por dia de segunda a sexta, e de 1240 unidades por cada fim de semana (620 ao sábado e ao domingo).
Atualmente, o SUV T-Roc representa praticamente toda a produção diária da Autoeuropa – em conjunto com o monovolume Sharan. Como não faltam encomendas para o T-Roc, a fábrica de Palmela tem merecido todas as atenções do quartel-general da Volkswagen e ficado imune à falta de chips que está a afetar algumas fábricas automóveis na Europa.
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O recrutamento de temporários marca o regresso à normalidade da Autoeuropa, depois de mais de duas semanas de súbitas alterações. Em 21 de janeiro, o governo determinou a suspensão das aulas por duas semanas e obrigou a Autoeuropa a reorganizar-se em menos de 24 horas. Não houve produção entre os dias 22 e 24 de janeiro. Entre 25 de janeiro e 5 de fevereiro, só se produziram carros de segunda a sexta.
O reforço temporário da equipa foi feito dois meses depois de a empresa ter optado por não integrar um total de 175 operários nos quadros – que atingiram o limite de renovações de contratos a prazo. Segundo a empresa, a decisão foi justificada pela redução do volume de montagem do monovolume Sharan neste ano – para reforçar o T-Roc são necessários menos recursos humanos.
A medida, na altura, provocou “enorme desagrado” à comissão de trabalhadores. Agora, porém, a opção de ir buscar temporários para compensar os pais que têm de ficar em casa “é uma situação completamente diferente”, referiu na semana passada Fausto Dionísio. “Há pedidos de carros da Alemanha que têm de ser cumpridos. Não podemos perder a oportunidade”, entende o representante dos trabalhadores.
Desde março do ano passado que a Autoeuropa tem sido afetada pelo coronavírus. Em março, quando a pandemia levou ao recolhimento dos portugueses, a fábrica suspendeu a produção e mandou para casa os mais de 5500 trabalhadores. Essa medida foi tomada em todas as unidades do grupo Volkswagen na Europa, devido às quebras de encomendas.
No primeiro confinamento, foram declarados dias de não produção entre meados de março e final de abril, permitindo aos operários receberem o salário por inteiro. Depois disso, em 27 de abril, a produção foi gradualmente retomada, com a empresa a recorrer ao regime de lay-off simplificado.
Apesar de estarem em lay-off, os funcionários receberam o salário por completo – em vez dos dois terços do regime do lay-off -, porque o grupo Volkswagen atribuiu um complemento ao vencimento. Em junho e julho, a fábrica teve três turnos de laboração nos dias úteis.
Apenas no final de agosto a fábrica retomou os três turnos nos dias úteis e dois ao fim de semana. Em dezembro, a linha de montagem só funcionou por 11 dias: aos chamados dias de não produção foram somados feriados, tolerâncias de ponto e dias de fim de semana.
Em 2020, por causa da pandemia, foram produzidos 192 mil automóveis, o número mais baixo desde 2018. Ainda assim, a Autoeuropa é a maior fábrica portuguesa de automóveis, representando 72,7% da produção nacional no último ano.
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