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A avaliação da dívida da CP saiu do nível de investimento de “lixo” para a agência de notação financeira Moody’s. A avaliação do passivo da transportadora subiu do nível Ba1 para Baa3, o patamar mais baixo de investimento recomendado, segundo comunicado divulgado esta terça-feira. A perspetiva passou de positiva para estável, não se antecipando alterações nos próximos meses. Estima-se um aumento de capital de 60 milhões de euros na CP ainda neste ano.
A revisão em alta do rating da empresa pública deve-se à melhoria da avaliação sobre a dívida soberana portuguesa. Na passada sexta-feira, a Moody’s subiu de Baa3 para Baa2 o rating de Portugal.
“A melhoria da avaliação tem em conta as fortes ligações entre a CP e o Estado, do qual recebe um apoio financeiro considerável”, destaca o principal analista da CP na Moody’s, Francesco Bozzano.
A melhoria da recomendação ocorre numa altura em que a CP aguarda a conclusão do processo de reestruturação da dívida histórica de 2,1 mil milhões de euros. A Moody’s lembra que mais de 83% da dívida da transportadora pertence ao Estado, nomeadamente ao IGCP, o Tesouro nacional.
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A reestruturação da dívida da CP está prevista no contrato de serviço público da empresa, que entrou em vigor em junho de 2020. A transportadora aguarda instruções dos ministérios das Finanças e das Infraestruturas e Habitação, que tutelam a companhia.
A dívida histórica impede, por exemplo, que a empresa possa financiar-se para a aquisição de 12 novos comboios de longo curso, que não poderão ter financiamento europeu e do Estado, por questões concorrenciais.
Em julho, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, classificou como “a próxima luta” a reestruturação do passivo da CP. A “dívida histórica revela a forma como o Estado foi tratando” a transportadora. O ministro recorda que o Estado “não foi pagando aquilo que exigia que a CP pagasse pelo serviço”.
Em abril, o vice-presidente da CP, Pedro Moreira, avisou que, enquanto se mantiver a dívida, a empresa “não conseguirá dar resposta à concorrência que vai aparecer”.
Também à boleia da subida do rating da República portuguesa, a Moody’s melhorou a avaliação de seis bancos portugueses e da Brisa-Concessão Rodoviária, que gere mais de uma dezena de autoestradas portuguesas.
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