//Aviação descola devagar, mas em 2022 vão faltar 800 pilotos

Aviação descola devagar, mas em 2022 vão faltar 800 pilotos

Obrigada a uma aterragem forçada, a descolagem da aviação civil está a decorrer a um ritmo muito lento. As previsões dos organismos internacionais estimam que apenas por volta de 2024 o transporte de passageiros possa estar em níveis de 2019. Para minimizar os efeitos da aterragem de emergência a que foi forçada, e que manteve grande parte das frotas em terra no ano passado, e para lidar com os níveis baixos de procura, muitas companhias aéreas reestruturaram as suas operações e diminuíram o número de funcionários, entre eles pilotos. Aos poucos e poucos, o número de voos e as frequências semanais vão aumentando, o que em muitos casos pode traduzir-se numa crescente necessidade de pilotos.

Um estudo da consultora norte-americana Oliver Wyman aponta que, no próximo ano, devem faltar mais de 790 pilotos às companhias aéreas europeias, uma tendência que deverá agravar-se em 2023, ano em que a consultora considera que vão faltar 2300 pilotos às transportadoras aéreas do Velho Continente.

A crise foi transversal a todo o setor e regiões. Em novembro do ano passado, na Europa, e de acordo com dados citados pela BBC, existiam cerca de dez mil pilotos da aviação comercial desempregados. O processo de vacinação e, consequentemente a diminuição das infeções graves devido ao novo coronavírus e receios de viajar, deverá levar a uma recuperação do mercado, e as transportadoras vão precisar de mais profissionais ao longo da década. A consultora admite que em 2029 a aviação europeia possa precisar de 3900 pilotos. A escassez destes profissionais deverá acontecer à escala planetária, mas a verdade é que a Europa será a terceira região do mundo menos afetada pela falta de pilotos de aviação civil. Contas da consultora indicam que, no final da década, haverá uma carência de 22.670 pilotos na região da Ásia/Pacífico, 20.600 na América do Norte, e 12.400 no Médio Oriente.

“A crise da covid-19 fez com que muitas companhias aéreas interrompessem os programas de treino para novos pilotos, em muitos casos devido aos bancos terem cortado o financiamento para essas ações. E, embora se espere que muitos dos pilotos dispensados durante a pandemia voltem aos seus cargos, entre 25.000 e 35.000 atuais e futuros profissionais poderão optar por alternativas de carreira na próxima década”, assume a Oliver Wyman.

2020, o pior ano

Já era praticamente certo que o ano passado tinha sido o pior de sempre para a aviação. Agora, os dados estatísticos da IATA – revelados no início de agosto – confirmam o cenário. Em 2020, 1,8 mil milhões de passageiros voaram, um número que representa uma queda de mais de 60% face a 2019, quando mais de 4,5 mil milhões de pessoas usaram o transporte aéreo.

Com as fortes restrições à circulação e com o encerramento, em muitos casos, de fronteiras, os dados da IATA mostram sem surpresas que, à escala global, os voos internacionais foram mais penalizados do que os voos domésticos. A procura por voos internacionais caiu quase 76% em 2020 face ao ano anterior enquanto a procura por voos domésticos recuou quase 49% face a 2019.