//Baga, a casta rainha da Bairrada, vai ter dia internacional com adegas de porta aberta

Baga, a casta rainha da Bairrada, vai ter dia internacional com adegas de porta aberta

Foi em 2012 que um grupo de produtores da Bairrada se uniu para criar uma associação de promoção da casta rainha da região em todo o mundo. Dez anos depois, os Baga Friends decidiram que era tempo de criar o Dia Internacional da Baga, que será comemorado, anualmente, no terceiro sábado do mês de maio, no dia 21, com provas de vinhos, jantares temáticos e muita animação. De mal-amada, a Baga passou a sinónimo de Bairrada, onde um DOC Bairrada Clássico tem de ser produzido, no mínimo, com 50% de vinho desta casta. “A Baga está em grande e começa já a haver alguma carência porque há muitas plantações, não só na Bairrada, mas no Douro e no Alentejo”, diz Luís Pato, conhecido como ‘Senhor Baga’ precisamente por ter sido o primeiro, já lá vão 20 anos, a afirmá-la como “uma grande casta mundial, ao nível das melhores”.

“Eu vendo varas certificadas para plantação de Baga e este ano não imagino o esforço que foi recusar a venda de varas porque vou fazer uma plantação para o ano e preciso delas para mim”, explica Luís Pato. Os números mostram que esta casta representa 4% da área plantada em Portugal, sendo a sétima mais utilizada na produção de vinho. Dos mais de oito mil hectares plantados em todo o país, a Bairrada é a região com maior peso, na ordem dos 3500 hectares, estima a Comissão Vitivinícola local.

Luís Pato é, dos sete produtores que integram a Baga Friends, o que tem mais área: são 25 dos 56 hectares totais de vinha que tem plantados, sendo os restantes de castas brancas. Nos próximos três anos, o empresário pretende plantar mais 10 hectares de vinha, dos quais metade de Baga. “Precisamos de crescer, não temos vinho para vender”, diz. Os primeiros três hectares serão plantados já no início de 2023, sendo que o objetivo é aumentar a capacidade produtiva das 360 mil garrafas anuais para 400 mil.

O ‘Senhor Baga’ exporta 70% do que produz, para 30 mercados, com especial destaque para os Estados Unidos, Noruega, Brasil e França, em especial, para a zona de Bordéus, o que muito orgulha o produtor, que este ano comemora 42 anos de atividade. A experiência nos mercados internacionais começou em 1985. E foi essa vertente internacional que ajudou a que a pandemia só afetasse a empresa em 2020. Em 2021, a adega Luís Pato já faturou 1,5 milhões de euros, mais 25% do que em 2019. “Foi o melhor resultado de sempre, por isso, estou sem vinho”, admite, sublinhando que “o mercado americano foi puxando por nós”.

Uma coisa é certa, Luís colhe hoje o que semeou ao longo de mais de 30 anos pelo mundo. “No início, quando eu ia ao International Wine Challenge, em Londres, as pessoas diziam-me que os meus vinhos eram caros. Estávamos no princípio dos anos 90. E eu argumentava que não, que os meus tinham a qualidade do vinhos de Bordéus, mas eram mais baratos. E eles concordavam, mas contrapunham logo que compravam em Portugal vinho muito mais barato do que o meu”, lembra Luís Pato, que elogia o trabalho realizado pela ViniPortugal, nos últimos anos, para posicionar os vinhos nacionais num patamar diferenciador.