Mais de duas décadas após começar a fazer ligações a Faro, a easyJet prepara-se para lançar uma base sazonal no aeroporto algarvio. A partir de março de 2021, a companhia aérea low-cost vai ter uma base no Sul do País com três aeronaves alocadas e prepara-se para criar 100 postos de trabalho.
Numa altura em que a aviação civil atravessa uma das suas fases mais negras, a Região de Turismo do Algarve (RTA) considera que o anúncio desta nova base é a manifestação de confiança e de crença que o destino vai ser dos primeiros a recuperar quando as restrições às viagens, impostas pela pandemia, forem levantadas. “É uma oportunidade que perseguíamos há alguns meses, em conjunto com a ANA-Aeroportos e com a secretaria de Estado do Turismo, porque sabíamos que a grande vantagem de termos uma base no território é ter um parceiro lado a lado”, diz ao Dinheiro Vivo João Fernandes, presidente da RTA.
Fruto da pandemia, várias transportadoras aéreas tiveram de reestruturar as suas operações e encolheram nomeadamente o número de rotas. O responsável acredita que, ter uma base da easyJet a partir da próxima primavera, é um “grande sinal de confiança e compromisso com o destino”, além de que é um reforço do investimento que mostra “que confiam que o Algarve será um dos pioneiros na retoma já a partir de março. Além da capacidade instalada, que vai numa primeira fase garantir a recuperação das ligações que continuamos a operar, vai conferir uma capacidade extra de flexibilizar as nossas ligações aos mercados que estejam mais predispostos a viajar”.
José Lopes, diretor da easyJet para a Portugal, na cerimónia em que foi feito o anúncio, defendeu igualmente que este novo investimento é um sinal do compromisso com Portugal e deixou a porta entreaberta a novas rotas para a base, ao salientar que este infraestrutura vai permitir à companhia estar “atenta e aproveitar novas oportunidades que possam surgir no mercado”.
100 postos de trabalho
A easyJet concluiu esta quarta-feira um acordo com as estruturas representativas dos trabalhadores o que permite avançar em duas frentes, de acordo com José Lopes. Por um lado, lançar a base de Faro e, por outro, evitar despedimentos em Portugal. A companhia aérea tem em curso um plano de reestruturação que prevê nomeadamente uma diminuição do número de aviões – passando de 350 para 302 – e uma redução da força laboral em cerca de 30% à escala europeia.
Com a abertura da base em Faro vão ser criados 100 postos de trabalho diretos. O responsável da empresa em Portugal explicou que “a prioridade é dar oportunidade a todos os que trabalham connosco (…) se a sua vida pessoal assim o permitir, e for uma vantagem, terem a oportunidade para pedir transferência para Faro. Será voluntário. Iremos também permitir a todos os nossos funcionários easyJet, a oportunidade para transferirem-se para Faro”.
Assim, “os nossos empregados que estão nas nossas jurisdições e que estão a atravessar processos de consulta para reestruturação são aqueles que terão primazia depois dos portugueses para transferirem-se para preencher estas vagas. Se, no fim disto, não tivermos preenchido todas as vagas iremos abrir um processo externo”.
João Fernandes acrescenta ainda que a somar ao número de postos de trabalho há os indiretos, numa altura em que o Algarve atravessa dias difíceis fruto da quebra do turismo, devido à pandemia. “Apesar desse recrutamento interno – que é natural face a um processo de reestruturação que a easyJet está a desenvolver – termos a capacidade de fixação de pessoal qualificado na região, e que se abram portas na região para emprego qualificado, é uma grande vantagem. Estamos a falar apenas do efeito direto no emprego porque há um efeito indireto nomeadamente quer nos serviços que sempre são reforçados quando esta realidade acontece. Há uma cadeia de valor que é ativada”.
A easyJet em 21 anos de atividade no Algarve foi responsável pelo transporte de 20 milhões de passageiros. Com a base em Faro, e com a possibilidade futura de novas oportunidades para novos destinos, estes números vão acelerar e ajudar a suportar a economia local. A maioria dos viajantes que chega à região é para usufruir de alguns dias de férias e, mais pessoas, significa mais necessidade de recursos humanos em várias áreas – desde a restauração, comércio, serviços passando pela hotelaria e transportes.
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