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Especializada em sistemas de acumulação de energia, a Meterboost assume-se pioneira na produção de baterias de lítio. Um produto made in Portugal, “com garantia de qualidade e preços competitivos”. Focada essencialmente no segmento doméstico e com a expansão prejudicada pela pandemia, a empresa fundada e liderada por Sérgio Rodrigues vai fechar o ano com 10 megawatts de potência instalada, operações em nove países, designadamente africanos, além de Espanha, e vendas de 1 milhão de euros. Valor que quer duplicar em 2021 e nos consolidar anos seguintes, com a entrada no segmento industrial. O objetivo é chegar a 2023 com 8 milhões de euros de faturação.
Foi de uma experiência pessoal desoladora que nasceu o projeto Meterboost. “Queria reduzir a fatura da luz e instalei um sistema de painéis fotovoltaicos em casa, com baterias de chumbo-ácido que seis meses depois foram à vida”, conta Sérgio Rodrigues. “Pouca oferta existente” para soluções de lítio, mais amigas do ambiente, e o seu preço “pouco apelativo” levaram Sérgio Rodrigues a dedicar-se a procurar desenvolver uma solução made in Portugal. O primeiro protótipo surgiu em 2017 e ano e meio depois a primeira bateria de lítio para centrais fotovoltaicas de uso residencial chegava ao mercado. Em desenvolvimento está já uma solução para a indústria.
Solução mais verde
“As baterias de lítio são mais amigas do ambiente e podem ser recicladas até 98%”, explica Sérgio Rodrigues. Além disso, ficam “cinco vezes mais baratas” do que as soluções tradicionais. E se a simples instalação de painéis solares pode garantir um ganho de 25% ao ano na fatura energética de uma família, a associação das baterias, para assegurar o armazenamento para autoconsumo permite elevar a poupança para, no mínimo, os 50%. “Tudo depende do investimento e do consumo. Mas imaginemos uma família de três pessoas, com um gasto médio de 15 a 25 Kw/dia. Se instalar dois painéis solares, com bateria, pode gastar qualquer coisa como cinco mil euros, mas fica praticamente autossuficiente e a poupança na fatura da luz pode chegar aos 100%”, diz. E a Meterboost ainda dá 10 anos de garantia a todos os seus produtos.
A empresa nasceu em março de 2019, em Mafra, e conta hoje com 15 funcionários. Deverá encerrar o ano com 1 milhão de euros de faturação, metade do que estava previsto – a pandemia veio atrasar a expansão. “Estivemos em fevereiro em Madrid, na Genera, a mais importante feira do setor, e tínhamos excelentes expectativas de crescimento. Mas, com a covid-19, ficámos praticamente até ao final de julho sem conseguir estabelecer contactos. Foi muito complicado”, admite Sérgio Rodrigues. O facto de este ser um mercado “dominado” por players asiáticos, como Panasonic, Samsung, LG ou Sony, entre outras, também não ajudou. “Temos uma grande dificuldade em mostrar aos clientes que é mesmo um artigo desenvolvido e produzido em Portugal, precisamos de os trazer à fábrica para que vejam por si próprios”, diz.
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Novo investidor
O tempo de paragem, nos meses de abril e maio, foi usado para aprofundar o desenvolvimento de toda a parte eletrónica da bateria, o BMS (Battery Management System), que para já é importado da Ásia, sob requisitos da Meterboost, mas que, a partir de janeiro, será também produzido em Mafra. “Tentamos integrar o máximo de componente nacional ou europeia, mas as células da bateria, por exemplo, só existem na China”, refere. A Meterboost contou com o apoio e o know how, neste processo de I&D do fundador da ISA – Intelligent Sensing Anyway, líder mundial em telemetria no setor energético. Basílio Simões, conhecido também pela sua atividade de business angel, investiu entretanto na empresa, tomando uma posição minoritária no capital, que “ajudará a suportar o crescimento e a expansão” esperados. Expansão a caminho Até ao final de 2021, a Meterboost vai investir cerca de meio milhão em I&D e novas linhas de produto, tendo em vista o negócio empresarial e industrial. Sérgio Rodrigues espera duplicar a equipa, chegando aos 30 funcionários, e também as vendas. Uma meta que mantém para os dois anos seguintes, esperando chegar ao fim de 2023 com um volume de negócios de oito milhões de euros.
Em termos de internacionalização, a grande aposta será nos países do sul da Europa, onde há mais sol e, portanto, as baterias da Meterboost podem ser usadas como sistemas de acumulação associados aos painéis fotovoltaicos. Mas está a procurar diversificar áreas de negócio, apostando designadamente nas telecomunicações, back up data centers e outras estruturas que precisam de sistemas alternativos em caso de falha de energia, como hospitais ou aeroportos, e que normalmente usam as tradicionais baterias de ácido-chumbo ou geradores que consomem combustíveis fósseis.
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