Partilhareste artigo
O BB Gourmet, cadeia de restaurantes do Porto, pretende investir três milhões de euros na instalação de uma fábrica de refeições artesanais no Grande Porto. Um projeto que, em ano cruzeiro, irá dar emprego a uma centena de pessoas e produzir 15 mil refeições ao dia. O mercado-alvo é a União Europeia no seu todo, embora a empresa tenha já potenciais interessados nas suas refeições pré-cozinhadas e embaladas em vácuo, em Espanha, Inglaterra e na Hungria. Só falta mesmo a aprovação do licenciamento para avançar.
A intenção é anterior à pandemia, e vinha sendo já preparada há três anos, mas a covid-19 veio tornar o investimento ainda mais premente. É que embora a faturação do BB Gourmet esteja, este ano, cerca de 20% abaixo do período homólogo, não é porque esteja a vender menos refeições, é porque o peso do take away mais que duplicou. “Estamos a trabalhar em pleno em praticamente todos os restaurantes, com exceção do BB Gourmet Bolhão, onde o efeito da falta de turismo se faz sentir mais”, diz Jorge Santos, responsável da empresa.
Por dia, a cadeia vende cerca de mil refeições, das quais mais de 50% são hoje para consumo em casa. O ano passado, essa parcela não ia além dos 20%. E só não vende mais porque tudo é produzido, atualmente, nas cantinas dos restaurantes. “Temos recebido várias manifestações de interesse até de hotéis em Portugal, que pretendem ter serviço de restaurante mas com uma cozinha simplificada e uma equipa mais reduzida, mas estamos limitados na nossa capacidade de expansão”, admite Jorge Santos. Por outro lado, para exportar, tem mesmo de ter uma indústria certificada como tal e, por isso, aguarda o licenciamento para arrancar, um processo que se arrastou mais do que esperava. Espera que, no segundo semestre do próximo ano, as primeiras refeições estejam já a ser produzidas.
Numa primeira fase, a nova fábrica irá criar cerca de 30 novos postos de trabalho, maioritariamente ligados à cozinha, mas, também, à logística. Em velocidade cruzeiro, que espera atingir em quatro anos, irá ter 100 colaboradores e faturar 15 milhões, assumindo-se, então, como a principal área de negócios da empresa. Jorge Santos é perentório: “O potencial de crescimento de um projeto desta natureza é enorme”.
Subscrever newsletter
Os restaurantes, que têm crescido, em média, 15% ao ano – geraram, em 2019, uma faturação de 3,6 milhões de euros -, pretendem regressar à mesma trajetória a partir de 2022. Este ano, a quebra estimada é de 20%, embora tudo dependa das vendas no período natalício, que pode chegar a valer dois meses de faturação. Em 2021, a perspetiva, conservadora, é para regressar aos valores de 2019.
A variedade – mais de 100 opções distintas, entre sopas, pratos principais ou sobremesas, em doses individuais ou familiares – é um dos pontos principais da proposta de valor da marca. Mas não só. Jorge Santos destaca que se trata de pratos produzidos, sempre, com ingredientes da época, de primeira qualidade, fabricados numa cozinha tradicional e sem a adição de corantes ou conservantes. O recurso à pasteurização e a embalagens em vácuo permite garantir prazos de validade de 20 dias, mas a empresa tem outras tecnologias em estudo para multiplicar por seis este limite. O que dará qualquer coisa como 120 dias de prazo de validade.
“A inovação e desenvolvimento é a chave do futuro”, frisa. Além disso, há a questão de se tratar de refeições “fáceis de terminar”, mesmo para quem não tem conhecimentos de culinária, mantendo sempre “o sabor do prato acabo de fazer”. Aliás, esse é, garante Jorge Santos, a grande diferença comparativamente à grande distribuição, que tem vindo a apostar crescentemente no take away de refeições: “É o mesmo que comparar um Fiat ou um BMW, mas na gastronomia. Ao contrário da grande distribuição, onde o principal vetor de orientação é o preço, no BB Gourmet é o contrário. O sabor é sempre o principal foco, sem esquecer o preço”.
Com vendas online, para levantar nos restaurantes ou entrega ao domicílio, o cliente pode pedir a refeição pré-cozinhada ou pronta a consumir. A diferença está no preço. Um arroz de pato, individual, por exemplo, custa 6 ou 9 euros consoante a opção escolhida. As entregas estão, para já, limitadas a um raio de 20 quilómetros do Porto, mas, a partir do início do próximo ano, os pré-cozinhados do BB Gourmet vão já chegar a todo o país.
Economista de formação, Jorge Santos dedicou-se, em 2007, à área da restauração, com a compra do Maiorca, o seu primeiro BB Gourmet, na zona da Boavista. Desde então, abriu já mais quatro restaurantes da cadeia no Porto, um dos quais, num centro comercial, está, para já, encerrado, e alargou a atividade a outras áreas da hotelaria e turismo. Em fase de licenciamento está, ainda, mais um restaurante BB Gourmet, na Senhora da Hora.
Deixe um comentário