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O presidente executivo da farmacêutica Bial, António Portela, defendeu a subida do preço de alguns medicamentos, para fazer face ao aumento dos custos de matéria-prima e transporte.
“Percebemos que a pressão no orçamento da Saúde é grande, mas em alguns casos específicos tem de ser feito [um aumento do preço] ou vamos ter medicamentos que não se pagam a si próprios, em que o custo é mais caro do que o que está no mercado, se as coisas continuarem a subir”, afirmou António Portela, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios.
António Portela considerou “preocupante” o aumento consecutivo do valor das matérias-primas, mas também a impossibilidade de as farmacêuticas poderem mexer no preço dos medicamentos.
“Terá de haver casos específicos onde a tutela e a entidade regulamentar terão de olhar para os medicamentos e terão de fazer subida de preços ou não poderemos manter esses medicamentos no mercado”, avisou.
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O responsável da farmacêutica alertou ainda que Portugal não tem uma política de criação de reservas de medicamentos, para fazer face a uma situação de crise.
“Se acontecesse um desastre natural, uma catástrofe, não temos uma reserva. Temos o que existe nos armazéns. Se não tivéssemos capacidade de fornecer mais, é verdade, faltariam medicamentos”, disse.
E deu como exemplo os Estados Unidos, onde “os medicamentos estão na posse das empresas, mas é como se estivessem consignados ao uso do Estado. É uma política diferente para fazer face a uma catástrofe”.
“Em Portugal, somos de brandos costumes e não temos grande política de fazer esse tipo de planeamento”, considerou.
O presidente executivo da Bial lamentou ainda que, por parte das políticas públicas, tenha havido uma preocupação excessiva com a pandemia da covid-19: “Tudo o que é não covid foi deixado para trás. Se falarmos com os profissionais de saúde, percebemos que há um défice importante de tudo o que é não covid”.
António Portela revelou que no final de 2020 e no primeiro semestre deste ano houve uma redução do consumo de medicamento, em consequência de terem ocorrido menos consultas médicas e menos prescrições.
“Nas áreas que não doem, como colesterol, diabetes, Parkinson, as pessoas deixaram de ir ao médico, de fazerem o seguimento, porque se protegeram [da covid-19]”, disse.
Sobre a Bial, António Portela referiu que este ano irá faturar cerca de 330 milhões euros, crescendo “ligeiramente” face a 2020, e que tem conseguido manter o investimento em investigação e desenvolvimento de novos medicamentos graças aos mercados externos, “europeu, americano e japonês”.
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