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Bootcamps. Outra porta para entrar no mundo da tecnologia

Ana, Cristiana, Frederico e Jhonatas podem ter percursos profissionais bastantes díspares, mas têm pelo menos uma coisa em comum: mudaram de profissão para o setor da tecnologia através de um bootcamp tecnológico.

Ao longo dos últimos anos, o mercado português tem recebido este tipo de opções de aprendizagem em que, durante um determinado período de tempo, é possível fazer uma formação intensiva numa área específica das TI. A Ironhack, escola de tecnologia que chegou a Portugal no final de 2018, é uma das empresas que disponibilizam bootcamps de formação, onde é possível aprender desde programação até UX/UI Design.

Frederico Villaret, 38 anos, trabalhou 11 anos como gestor de cinemas e foi a vida familiar que o fez mudar de trabalho. Com filhos gémeos, decidiu fazer uma pausa para passar mais tempo com as crianças. Quando voltou ao trabalho percebeu que era tempo de mudar. “O mundo onde estive durante 11 anos é cansativo fisicamente, teve um impacto na família, até que chegou a uma altura em que achei que já não era possível continuar.”

Começou a pesquisar e, pouco tempo depois do nascimento do terceiro filho, enveredou pelo bootcamp de UX/UI Design, em maio de 2019. Já tinha tido a experiência da vida militar, mas refere que “sofreu mais neste bootcamp, não na parte física, mas sim, na exaustão diária. Não é de todo limitado ao espaço de tempo definido, porque se for só das 9 às 18h não vai funcionar, porque é muito intenso”, explica. Hoje em dia trabalha como UX/UI designer na consultora Waeg. “Foi a melhor decisão da minha vida em termos profissionais, não tenho a menor dúvida.”

Também Cristiana Barreto, 25 anos, passou pelo bootcamp de UX/UI Design. Atualmente trabalha como UX researcher na Tangível, onde refere que pode conjugar a formação em Antropologia e o mundo tecnológico. “Embora tenha coisas muito diferentes vejo uma linha de continuidade muito clara no meu percurso”, explica. “Sou luso-brasileira, a minha família é quase nómada.” Filha de pai diplomata, aos 15 anos já tinha mudado de país cinco vezes. Foi assim que começou o interesse pelas questões culturais.

Na faculdade passou primeiro pela Ciência Política e só no mestrado pela Antropologia. Foi numa conferência que percebeu que havia mais pontos comuns entre a antropologia e a tecnologia do que seria de esperar.”Fiz o bootcamp e foi a melhor experiência da minha vida profissional e académica até agora. Aprendi muita coisa, mas não senti que mudei drasticamente de área. Senti uma continuidade.” Como investigadora na área da experiência de utilizador diz que pode juntar os dois mundos e perceber a interação entre humanos e a tecnologia.