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Depois dos últimos dois anos de pandemia, o Brasil está pronto para abrir as portas sem restrições aos turistas estrangeiros e, em particular, a Portugal. O país está a apostar as fichas numa estratégia de promoção turística e tem o mercado português como um dos alvos principais.
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“O mercado português é um dos principais mercados que queremos trabalhar. O português quer conhecer o Brasil, tem interesse em estar junto do brasileiro. Temos várias semelhanças, como o idioma, a gastronomia, a cultura e o nosso objetivo é que, no pós-pandemia, possamos trazer novamente os turistas portugueses que já frequentavam o Brasil e aumentar o número de portugueses que visitam o nosso país”, assegura ao Dinheiro Vivo o presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), Carlos Brito.
Em 2019, ainda antes da pandemia ter colocado travão às viagens internacionais, o Brasil recebeu 6,4 milhões de turistas internacionais e foi o destino escolhido por 176 mil portugueses. As visitas caíram, em 2021, para 90 mil e a expectativa é que, em 2022, o país consiga recuperar os valores anteriores à pandemia, dobrando o número em 2023. Há dois anos, Portugal ocupou a nona posição enquanto mercado emissor do Brasil e o objetivo é trazê-lo para o top três, ocupado, atualmente, pela Argentina, Estados Unidos e França.
“Estamos a preparar-nos para que Portugal se destaque cada vez mais e que possa ser um dos três primeiros mercados emissores para o Brasil. O Brasil não está pronto para atender às expectativas do turista português, mas sim, para superá-la”, atesta o presidente da Embratur.
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TAP quer mais voos para o Brasil
A TAP é um dos elementos chave na estratégia para atrair mais portugueses para terras de Vera Cruz. A transportadora está a estudar o incremento das ligações entre Portugal e o Brasil, bem como a abertura de rotas para novos destinos.
“A TAP é a companhia aérea que tem mais ligações diretas com o Brasil e tem um plano para aumentá-las até ao final de 2023. O Brasil é um dos mercados prioritários para a TAP”, aponta o responsável.
A TAP opera, atualmente, em 10 cidades brasileiras – em breve, serão 11 com a junção da rota de Porto Alegre. No total, a companhia soma 42 voos semanais para Lisboa e dois para o Porto. No verão atingirá os 72 voos semanais.
O presidente da Embratur revela que a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo já se sentou à mesa com a transportadora portuguesa para afinar uma estratégia. Do encontro, que decorreu durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), saiu um acordo para a análise conjunta de novos destinos.
“A TAP mostrou o interesse de adquirir rotas para novos destinos. Vamos fazer estudos integrados entre a Embratur, o Ministério do Turismo do Brasil e a própria TAP para que possamos unir dados e identificar destinos para aumentar a conectividade. A tendência é que possamos abrir, cada vez mais, a conectividade e criar novas rotas”, refere.
Sem deslindar quais são as cidades alvo de análise, o porta-voz da Embratur assegura que há duas prioridades em cima da mesa: reforçar os destinos preferidos dos portugueses, como são exemplos o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador da Bahia, Foz do Iguaçu e Fortaleza, e apostar em novas cidades. O objetivo é mostrar a diversidade do país e apostar em novos destinos de natureza ainda pouco explorados.
Esta foi, aliás, uma das tendências da pandemia impulsionada pelo mercado interno brasileiro. “Tínhamos, antes da pandemia, 11 milhões de turistas brasileiros que iam para outros países. E, durante a pandemia, estes turistas passaram a viajar internamente, fortalecendo cada vez mais o nosso país, descobrindo vários destinos e divulgando cada vez mais as belezas naturais que temos”, analisa.
Carlos Brito sublinha que o plano de promoção que o Brasil está a desenvolver junto do mercado português tem ainda o intuito de cimentar a comunicação entre os dois países para que também o turista brasileiro possa continuar a apostar em Portugal.
“O trabalho que viemos fazer aqui em Portugal não foi apenas para levar o turista português para o Brasil. Sabemos a importância que o Brasil tem para o turismo em Portugal e esse é um trabalho que estamos a fazer de forma bilateral para fortalecer cada vez mais os dois países. Acreditamos que fortalecendo a promoção de Portugal no Brasil também asseguramos a promoção do Brasil em Portugal”, conta.
Recorde-se que, em 2019, Portugal recebeu 1,28 milhões de turistas brasileiros, sendo este o quinto mercado emissor para o país.
Atrair investimento
A aposta nas infraestruturas turísticas ocupa a lista de prioridades no projeto de desenvolvimento do turismo no país. “A rede hoteleira é prioridade no Brasil devido ao aumento do turismo interno e ao aumento dos turistas estrangeiros que virão para o país”, assume. Por isso mesmo, o governo está já a trabalhar para atrair investidores estrangeiros.
“O governo está a lançar alguns incentivos para ajudar na entrada de empresas estrangeiras no nosso país. Acreditamos na classe empresária e o que pudermos fazer dentro do governo e da legislação vamos fazer para otimizar cada mais os empresários para que se possam sentir seguros e ter o nosso país como foco do investimento”, assegura o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo que, relembra, há importantes investimentos portugueses a decorrer no Brasil e importa incentivá-los.
“Hoje temos vários grupos estrangeiros a investir no nosso país, um deles é o Vila Galé. Estão a investir porque acreditam no nosso país, o nosso país no pós-pandemia é o país da oportunidade e estamos a trabalhar para desburocratizar tudo o que for possível para que possamos trazer os investidores estrangeiros para investir no nosso país”, garante.
O Vila Galé soma já uma operação de duas décadas no Brasil e tem em desenvolvimento diversos projetos turísticos no país. No próximo mês de junho, o segundo maior grupo hoteleiro nacional inaugura o resort Vila Galé Alagoas, na praia de Carro Quebrado, fruto de um investimento de 150 milhões de reais (24 milhões de euros). Este será o décimo hotel do grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida no país. Assim que abrir portas, o grupo irá iniciar a construção de uma segunda unidade no Cumbuco.
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