//Brexit sem acordo coloca em cheque produção de Mini no Reino Unido

Brexit sem acordo coloca em cheque produção de Mini no Reino Unido

Pode ser mais uma dor de cabeça para as autoridades britânicas. Com o dia 29 de março – data oficial para a saída do Reino Unido da União Europeia – cada vez mais próximo e sem ser totalmente claro o desfecho do Brexit (a primeira-ministra já admitiu inclusivamente um adiamento da saída por um curto período de tempo), há mais empresas a admitir deixar pelo menos uma parte das suas operações em solo britânico.

A BMW – que detém a Mini – admite que se Londres deixar o bloco económico sem um acordo a produção de Mini na fábrica de Cowley, localizada nas imediações de Oxford, está em risco.

“Isto seria um grande fardo para a marca Mini. Se isto acontecer [Brexit sem acordo], que é o pior cenário, teremos de considerar o que significa para nós a longo prazo. Para a Mini isto é um perigo real”, disse à estação Sky News Peter Schwarzenbauer, membro do conselho de administração da BMW e responsável pela Mini, citado pelo The Guardian.

O responsável, presente no Salão Automóvel de Genebra (Suíça), não deu uma resposta taxativa quanto a possibilidade de a marca encerrar a unidade de produção de Cowley. Disse apenas que: “Temos, pelo menos, de considerá-lo porque não podemos absorver mais 10% de custos”. Mas a situação não se fica por aqui.

Peter Schwarzenbauer admitiu que a construtora automóvel está a analisar se deve transferir a produção de motores de Hams Hall, em Warwickshire, no Reino Unido, para a Áustria. Ainda assim, não há uma decisão final tomada. “Temos alguma flexibilidade no lado dos motores em Steyr, na Áustria. Teríamos que fazer alguns ajustamentos em Steyr. Estamos a preparar-nos para os podermos fazer”.

Num dos grandes certames do setor automóvel, a Toyota também deixou recados a Londres. Johan van Zyl, líder da Toyota Motor na Europa, afirmou que a competitividade e os postos de trabalho no Reino Unido estão em risco se o divórcio entre Londres e Bruxelas ocorrer sem um acordo. Aliás, diz que não pode garantir que os seus funcionários britânicos vão manter os seus empregos até o Brexit estar decidido.

“Se for um mau Brexit claro que vai ser muito difícil”, indicou citado pelo The Guardian. “Vai ter um impacto negativo na competitividade”, disse acrescentando, todavia, que: “continuamos esperançados que vai existir um desfecho realista que vai dar-nos [uma relação] comercial sem conflitos e sem tarifas e barreiras entre a Europa e o Reino Unido”.

A Toyota tem duas grandes fábricas no Reino Unido, que empregam mais de três mil pessoas. A construtora automóvel investiu no ano passado 240 milhões de libras – mais de 279 milhões de euros no câmbio atual – nas unidades britânicas para a construção do novo modelo Corolla. Mas a aplicação de taxas aduaneiras sobre as exportações pode colocar em causa esta aposta da empresa.

Johan van Zyl defendeu que o grande objetivo da Toyota “no Reino Unido é melhorar a competitividade. Dissemos desde o início e fizemos a nossa parte. Agora precisamos de ver qual o resultado da votação”. Em junho de 2016, em referendo, os britânicos decidiram deixar a União Europeia.

Empresas travam fábricas britânicas

As declarações destas duas grandes empresas surgem depois de a Honda ter confirmado em fevereiro a intenção de fechar a fábrica de Swindon, no Reino Unido, em 2021, ameaçando cerca de 3.500 postos de trabalho.

No início de fevereiro, a Nissan anunciou que desistia de produzir o ‘crossover’ X-Trail na fábrica de Sunderland (nordeste de Inglaterra), indicando indiretamente como motivo o Brexit. O construtor britânico Jaguar Land Rover também anunciou no início do ano a supressão de 4.500 empregos e o fabricante norte-americano Ford vai fazer uma redução de mais de mil postos de trabalho no país, no âmbito de uma vasta reestruturação na Europa.

No início de fevereiro, uma sondagem do Instituto de Diretores (IoD) indicava que uma em cada três empresas britânicas planeia deixar o Reino Unido ou já o fez devido ao Brexit. Esta organização, que agrupa diretores de cerca de 30.000 empresas britânicas, afirmou que 29% das empresas acredita que a saída do Reino Unido da União Europeia supõe um “risco significativo” para as suas operações no país.

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