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A Comissão Europeia agradeceu à Autoridade da Concorrência portuguesa o apoio para iniciar uma investigação à tecnológica Google por alegado abuso de posição dominante na tecnologia de publicidade, formalizada nesta quarta-feira, pedindo que a empresa venda este negócio.
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“Beneficiámos da experiência e do conhecimento do mercado por parte da autoridade francesa da concorrência, a primeira a conduzir um processo nestes mercados muito complexos. Gostaria também de agradecer às autoridades nacionais da concorrência da Dinamarca, Itália e Portugal, que levaram a cabo medidas de investigação sobre as práticas adtech”, disse a vice-presidente executiva da Comissão Europeia responsável por Uma Europa Preparada para a Era Digital e para a Concorrência, Margrethe Vestager.
Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, no dia em que o executivo comunitário oficializou o quarto grande processo de concorrência da UE contra a Google, tendo a empresa já recebido multas europeias de mais de oito mil milhões de euros, Margrethe Vestager indicou que estas autoridades de concorrência nacionais “transferiram os seus inquéritos para a Comissão para que toda a Europa possa beneficiar do seu trabalho”.
“Este facto ilustra o poder da Rede Europeia da Concorrência”, observou a responsável.
A Comissão Europeia iniciou hoje um processo de investigação à Google por suspeitar de práticas abusivas na tecnologia de publicidade “online”, ameaçando a empresa com uma multa que pode ir até 10% do volume de negócios anual da empresa.
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Em causa está o mercado adtech, ou seja, de tecnologia referente às ferramentas que os anunciantes utilizam para comprar, gerir e analisar a publicidade digital.
Precisamente por a Google já ter antecedentes na Direção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia, por violação das regras de concorrência europeias, a empresa poderá ser obrigada a alienar parte do seu negócio de tecnologia de publicidade.
“Se a Comissão concluir que a Google atuou de forma ilegal, poderá exigir que a Google desfaça-se de parte dos seus serviços. Por exemplo, a Google poderia ter de alienar as suas ferramentas de venda, DFP e AdX. Ao fazê-lo, poríamos fim aos conflitos de interesses”, ameaçou Margrethe Vestager.
Isto porque, para a chefe da concorrência europeia, “enquanto estes conflitos de interesses se mantiverem, a Google poderá continuar com estas práticas de autorreferência ou poderá adotar novas práticas”.
“Vimos isto acontecer de forma concreta: cada vez que uma prática era detetada pelo setor, a Google modificava subtilmente o seu comportamento de forma a torná-lo mais difícil de detetar, mas com os mesmos objetivos, com os mesmos efeitos”, pelo que “uma medida corretiva que exigisse que a Google apenas alterasse o seu comportamento permitiria que a Google continuasse a fazer o que tem feito até agora, apenas sob um disfarce diferente”, adiantou Margrethe Vestager.
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