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A BYD Portugal, marca chinesa de carros elétricos, prevê vender até ao fim deste ano cerca de 500 automóveis, o que representará uma faturação da ordem dos 23 milhões de euros. São números ainda incipientes num mercado pequeno, mas em crescimento. Em 2022, foram vendidos em Portugal quase 22 mil automóveis elétricos, sendo que este ano é de admitir a venda de mais de 30 mil unidades. Consciente do potencial de crescimento deste mercado, a BYD chegou com o objetivo de ser a marca líder, destronando a Tesla. A fabricante chinesa está habituada a ocupar um lugar cimeiro no ramo automóvel. É líder mundial no comércio de viaturas elétricas e o segundo player no fabrico de baterias.
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Cabe ao grupo Salvador Caetano, representante da BYD em Portugal, garantir esse posicionamento. A corrida arrancou em maio, quando o grupo abriu quatro lojas da marca no país e em poucos meses construiu uma rede de 13 unidades. Segundo Pedro Cordeiro, COO da BYD Portugal, as perspetivas são animadoras. “A marca está a ter boa recetividade. As vendas estão de acordo com o plano mais otimista”, diz. No início deste mês, já tinham sido vendidos mais de 400 carros da marca no país, com as estimativas a apontar para a colocação de mais 100 automóveis até ao fecho do exercício. Para 2024, o plano também já está traçado. O grupo quer vender 2300 viaturas e faturar 75 milhões de euros, garantindo uma quota de 5,5%.
Segundo Pedro Cordeiro, a BYD tem fortes argumentos para almejar a liderança em Portugal e não só. A marca surgiu em 1995 como fabricante de baterias recarregáveis para telemóveis e ganhou um know-how na área muito grande, ao ponto de ser atualmente o segundo maior fabricante de baterias do mundo, frisa. É líder no fabrico e comércio de viaturas elétricas na China, mercado disputado por mais de 100 marcas, sendo que produz os motores, as centralinas de comando e os semicondutores para todos os seus veículos. “A fabricante tem a cadeia de valor verticalizada”, sublinha o responsável.
Os carros da BYD querem afirmar-se no segmento dos carros de alta tecnologia com preços acessíveis. Como afirma Pedro Cordeiro, o conceito assenta no “value for money” (relação custo-benefício). Neste momento, a marca tem em comercialização quatro modelos e há três meses que tem em pré-venda um novo automóvel, que chegará às lojas no início de 2024. O Seal “vai competir diretamente com o Model 3 da Tesla”, garante o responsável. Nesta fase de arranque no mercado nacional, o novo modelo já atraiu perto de 50 interessados.
O grupo Salvador Caetano, que tem no seu portefólio de importador e distribuidor de automóveis outras marcas chinesas, quer abrir ainda mais cinco lojas BYD no país. Como refere Pedro Cordeiro, “já cobrimos as grandes cidades, onde há mais quota de mercado no segmento elétrico. A nossa estratégia é estar próximo dos clientes e com mais cinco espaços fica terminada a rede” em Portugal. O grupo vê na BYD “uma marca de futuro” e, por isso, também é responsável por duas concessionárias em Espanha (Málaga e Sevilha). A Salvador Caetano está também disponível para ter concessionárias BYD noutros mercados.
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Como explica Pedro Cordeiro, a BYD chegou há um ano e meio à Europa e hoje já tem presença em 17 países. A estratégia de ataque é mista. Em Portugal, Holanda e Suécia optou por parcerias com os líderes de mercado. Nos restantes, tem presença direta. E tenciona continuar a expandir a sua presença no continente europeu, até porque há muito por onde crescer. Na Noruega, o mercado de carros elétricos já vale 88% e na Suécia pesa 56%, mas na Holanda ainda só representa 35% e apenas 10% em Espanha. Em Portugal, deverá crescer para os 18% este ano, estima Pedro Cordeiro.
Para acompanhar o aumento do número de viaturas elétricas na estrada, o país tem também que investir no crescimento da rede de carregadores, aponta o responsável. Nos 27 Estados da União Europeia, Portugal ocupa a 11.ª posição e “como estamos neste incremento de vendas é preciso uma rede sólida”. Em simultâneo, defende, é necessário que o Estado mantenha o apoio à compra de carros elétricos e o incentivo ao abate. Pedro Cordeiro considera também que as empresas devem ter incentivos, nomeadamente a nível fiscal, para substituir os seus automóveis por viaturas mais sustentáveis. E recorda que recentemente a BYD ganhou um concurso público do Serviço Nacional de Saúde para uma frota de 53 viaturas.
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