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O plano de reestruturação, ou mais precisamente o Plano Estratégico 2017-2020, foi concluído com sucesso. Esta foi a principal mensagem passada por Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na apresentação de resultados consolidados referentes a 2021. O próximo passo, ou seja, na estratégia para 2021-2024, a CGD quer ser um banco universal, ter uma maior presença digital, apostar no serviço e tempo dedicado ao cliente, continuar a apostar na renovação dos seus quadros – no ano passado aceitou 600 estágios no âmbito de protocolos com universidades que ajudaram a efetivar a entrada de 700 funcionários – e também recompensar os investidores, através da devolução de capital (tanto ao Estado como a privados).
Adicionalmente, segundo Paulo Macedo, o banco quer investir em inovação, apostando em tecnologias como a inteligência artificial, analítica avançada e tecnologias disruptivas, mas também numa área em crescendo: a sustentabilidade, com a “adoção das melhores práticas ESG”.
No ano passado, a Caixa aumentou o resultado líquido em 18,7% face a valores de 2020, para os 583 milhões de euros, fruto da consolidação no mercado doméstico, mas também de um aumento de 44% na rentabilidade das operações no estrangeiro, com especial destaque para Moçambique e Angola. Um resultado que permitirá ao banco público entregar 383,6 milhões de euros de dividendos ao Estado.
Moratórias e comissões
Ao contrário do que se poderia pensar, a CGD não está demasiado preocupada com a questão das moratórias, dizendo que tem feito um acompanhamento personalizado dos seus clientes, procurando dar uma solução a cada caso. Mesmo assim, e em Portugal, expiraram, no ano passado, moratórias no valor de 6,4 mil milhões de euros. Deste valor, 480 milhões estão em processo de negociação para medidas de reestruturação. A maioria – 330 milhões – pertence a cerca de três mil famílias, mas há 150 milhões de euros, de 600 empresas, que se encontram na mesma situação. A nível internacional houve 897 milhões de euros em moratórias que expiraram no ano passando, com 240 milhões ainda ativas (no final de 2021).
Sobre o tema das comissões, Paulo Macedo é perentório: “Cumprimos integralmente a legislação”, o que significa que “tivemos uma quebra significativa de comissões no que é produção nova”. Quer isto dizer que “a juntar aos 35 milhões de euros de prejuízo que tivemos por termos excesso de liquidez no banco central (tivemos um custo de cerca de 60 milhões de euros por termos depósitos em excesso) que foi compensado parcialmente com um proveito de 25 milhões, além de termos esse prejuízo de 35 milhões de euros, que nos afeta a margem financeira, deixámos de poder ter a parte da remuneração das comissões”.
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Ainda sobre a questão das comissões, Paulo Macedo fez questão de “relembrar o que todos sabem”. Ou seja, que “a banca tem duas fontes de proveitos: os juros e as comissões”. Na questão dos juros, quando estes não são negativos, remuneram o custo do capital. Quanto às comissões “remuneram aquilo que são os custos operacionais”. Ou seja, as pessoas, estrutura e ainda os custos regulamentares, que foram “60 milhões de euros”. Isso levou o responsável máximo da CGD a criticar a “demagogia de que se deveria acabar com as comissões” e a afirmar, convicto: “Quando as comissões acabarem os trabalhadores não são pagos”. “A única maneira de reduzir os custos operacionais é, precisamente, ter uma estrutura mais barata que os clientes queiram suportar”. Porque “o que os clientes nos dizem é que não querem suportar mais comissões”, sublinhou o CEO da Caixa.
O banco tem 3,7 milhões de clientes particulares e 300 mil empresas, e uma base de depósitos de 63 mil milhões de euros (que registou um aumento de 18%). Além disso, e como resultado do investimento do banco na inovação e na criação de canais próximos do cliente, a CGD tem mais de dois milhões de clientes digitais ativos, que realizam mais de 26 milhões de acessos mensais. A par disto, possui uma carteira de crédito de 37,3 mil milhões de euros (habitação, leasing e empresas).
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