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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) encerrou 338 agências desde 2010, revelou esta terça-feira o presidente executivo do banco, Paulo Macedo, em audição parlamentar na Comissão de Orçamento e Finanças. A redução da rede de agências e do número de trabalhadores nos últimos anos tem sido feita não apenas pelo banco público, mas pelo setor em geral em Portugal, na sequência de uma crise de rentabilidade que só agora começou a ser invertida, e da crescente digitalização do setor.
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A CGD tinha 824 agências espalhadas pelo país em 2010 e, ao dia de hoje, a rede de balcões ascende a 486, de acordo com os números apresentados pelo CEO do banco aos deputados, na audição pedida pelo PS sobre o plano de encerramento de balcões. 456 são agências, 30 são Espaços Caixa, três são agências móveis e seis agências automáticas.
“Reduzimos em 41% [o número de balcões desde 2010]”, revelou Paulo Macedo. Ou seja, desde 2010 foram encerradas 338 dependências da CGD. O gestor acrescentou também que a maioria dos trabalhadores das agências fechadas continuou no banco, sublinhando que o banco não faz despedimentos, mas que tem programas de saídas voluntárias. “Há bancos que despediram mas não é o caso da Caixa”, afirmou. A CGD tinha no final de setembro (últimos dados oficiais disponíveis) 5 964 trabalhadores.
Quanto aos balcões fechados, o CEO da CGD adiantou que a maioria dos encerramentos ocorreu em “áreas urbanas”, argumentando que nessas zonas a administração do banco entendeu haver maior acesso dos clientes aos serviços da Caixa através de meios digitais.
Além disso, esclareceu que o banco “não segue critérios de rentabilidade” para decidir que agências fechar.
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De acordo com Paulo Macedo, o número de balcões encerrados pela Caixa não só “foi menos do que noutros bancos”, como também “a administração da Caixa fechou menos balcões do que aquilo que estava no acordo [de 2017] entre o governo e a Direção-Geral da Concorrência [DG COMP, organismo da União Europeia], no intuito de minimizar eventuais perdas para os clientes e para o negócio”.
Embora não tenha referido qual o número de balcões a encerrar previsto no referido acordo, o gestor disse que o número de fechos foi menor porque a administração conseguiu “mostrar que a Caixa tinha rentabilidade e eficiência”.
Paulo Macedo assegurou, ainda, que os “clientes dos balcões que foram encerrados ou mantêm a mesma relação” com o banco “ou subiram em percentagem”. E asseverou que a atual rede de balcões da CGD “tem muito mais negócio hoje, quer em depósitos quer em volume de negócios”. Por isso, disse que “não tem qualquer fundamento dizer que se perdeu negócio para os outros bancos”.
O gestor garantiu também que a CGD, ao contrário de outras entidades bancárias privadas, “está em todos os concelhos do país”, incluindo nas zonas do interior, “exceto nas ilhas”. Paulo Macedo referiu que nos arquipélagos dos Açores e da Madeira o banco tem “um tratamento específico” para as ilhas.
Segundo Macedo, a CGD tem o maior número de balcões entre os cinco maiores bancos. Em Portugal, disse, só o grupo Crédito Agrícola tem mais balcões do que a CGD, o que justificou pelas particularidades daquele grupo financeiro.
A audição ao CEO da CGD surgiu a pedido do grupo parlamentar socialista, na sequência do encerramento de 23 balcões no verão de 2022.
O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do grupo CGD (STEC) tinha denunciado no verão que a Caixa queria encerrar 23 agências até ao fim de agosto, uma medida que a organização sindical muito criticou considerando que, entre 2012 e 2022, a CGD já tinha fechado cerca de 300 balcões e reduzido o número de trabalhadores em 3 300.
A CGD teve lucros de 692 milhões de euros até setembro de 2022, mais 61% do que nos primeiros nove meses de 2021. As contas finais de 2022 ainda não foram reveladas.
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