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Está na agenda da União Europeia e também na do setor financeiro. A exposição ao risco climático, o apoio à reconversão das empresas para se adaptarem a uma economia mais verde e sustentável, trazem desafios ao setor da banca. A regulação já extensa nestas matérias coloca no mapa dos bancos um novo mundo de oportunidades para eles próprios se adaptarem e para se posicionarem para beneficiar da ascensão da chamada economia “verde”.
No caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), além da sua estratégia de investimento em projetos sociais, ambiciona liderar o financiamento de iniciativas sustentáveis das empresas.
Nos últimos três anos, o banco público aplicou um total de 30 milhões de euros em investimento social. Em termos de estratégia de sustentabilidade, entre 2018 e 2020, a Caixa levou a cabo 118 ações, com destaque para projetos em áreas de responsabilidade do negócio, responsabilidade social e também ambiental. Segundo Filipa Carmona, responsável pela área de sustentabilidade da Caixa, o banco “quer ser líder” no apoio à transição das empresas portuguesas para uma dimensão mais sustentável, através da disponibilização de linhas de financiamento.
Em 2020, em termos da oferta de produtos que contribuem para a transição para uma economia de baixo carbono, o banco estatal concedeu um montante de financiamento na ordem dos 526 milhões de euros. A Caixa alcançou ainda 4 mil milhões de euros de fundos de investimento mobiliário com critérios ESG (environmental, social and corporate governance, traduzindo-se em ambiental, social e de governo). No caso das emissões de gases com efeito de estufa, Portugal comprometeu-se em atingir 100% de redução das emissões e será necessário um investimento adicional de 86 mil milhões de euros até 2050. Trata-se de um investimento de 2,8 mil milhões de euros por ano. “Esta é uma oportunidade para a CGD e poderá ter um impacto positivo nas receitas dos produtos e serviços “verdes””, salienta o banco no seu Relatório de Sustentabilidade relativo a 2020.
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“Estamos num processo de viragem”, disse Filipa Carmona. Tanto para os bancos como para as empresas, os tempos futuros serão de transformação e adaptação. No caso da banca, terá de calcular e incorporar “os riscos” novos relacionados com sustentabilidade e clima. Um dos conceitos que os bancos precisam ter em conta é a exposição a clientes em termos de intensidade carbónica. “No caso de Portugal, somos um país de pequenas e médias empresas (PME). Têm que ser trazidas para este barco do baixo carbono”, afirmou Filipa Carmona. “O grande desafio é trazer as PME para esta conversão, nomeadamente através da disponibilização de produtos de bonificação para as que queiram fazer essa conversão e depois com penalizações em termos de condições de financiamento”, adiantou.
Lembrou que os próprios reguladores questionam os bancos relativamente aos riscos climáticos a que estão expostos. Com o aumento do escrutínio relativamente ao financiamento de empresas e projetos mais ou menos sustentáveis, os bancos estarão mais criteriosos em matéria de financiamento, já que empresas mais poluentes se tornarão em riscos para o setor.
“A definição de um novo Plano Estratégico para o período 2021/2024, reforçará a incorporação de fatores ESG nas atividades e modelos de negócio, correspondendo à nossa ambição de posicionar a Caixa na liderança do financiamento sustentável em Portugal”, afirma Paulo Macedo, CEO da CGD, no último Relatório de Sustentabilidade da instituição.
Dentro do banco correm diversos projetos para o tornarem mais “verde”, como o projeto de digitalização de processos em agências que permitirá a desmaterialização de 4,6 milhões de documentos por ano. A CGD implementou ainda um circuito de reciclagem de cartões caducados ou inutilizados. Em 2020, foram enviadas 2,32 toneladas de cartões para reciclagem e entregues cinco peças de mobiliário urbano a partir de cartões reciclados.
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