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Tentoes made in nature é a nova linha biodegradável da Carité, de Felgueiras. São sapatos feitos em pele, com uma biodegradabilidade quatro vezes superior ao couro normal e que utiliza, nas solas, borracha 99% natural extraída da seiva do látex das árvores seringueiras. Uma linha que gerou curiosidade aos compradores internacionais, embora o preço pareça ser um entrave.
Para Reinaldo Teixeira, sócio-gerente da Carité, a solução tem de passar pelos responsáveis políticos: “As matérias-primas amigas do ambiente são 20 a 30% mais caras, a única solução é baixar os impostos para estes produtos, de modo a que o cliente final não seja prejudicado por escolher artigos sustentáveis”.
Com seis fábricas, duas em Felgueiras, duas em Celorico de Basto, uma em Castelo de Paiva e outra em São João da Madeira, o grupo Carité ascendeu, em 2020, ao lugar de maior grupo industrial de calçado nacional. Os dados são do World Footwear Yearbook e mostram que no top 5 dos players mais relevantes do setor em Portugal estão duas multinacionais, a Ecco’let e a Gabor, e dois gigantes do retalho nacional, a Seaside e a Calçado Guimarães, mas que não têm produção própria. No quinto lugar surge a Carité, a única fabricante de capital nacional na tabela.
A Carité só por si tem 240 trabalhadores, mas o grupo familiar dá emprego a 550 pessoas e faturou, em 2019, cerca de 32 milhões de euros. Um valor que espera já ultrapassar este ano. Sobre o ranking, Reinaldo Teixeira é perentório: “Nem fazia ideia. Sabia que tenho um barco grande e que me traz diariamente muitas dores de cabeça e, sobretudo, muitas responsabilidades. São 550 famílias que dependem de mim para lhes arranjar trabalho, é uma responsabilidade enorme. Não trabalho para rankings, podia ser o vigésimo na tabela que, para mim, era igual”, garante.
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O grupo Carité tem um tradição de décadas a produzir para grandes marcas internacionais, como a Adidas, Tommy Hilfiger ou Birkenstock, e Reinaldo Teixeira garante que há outros, até de fora da Europa, à procura de fornecedores em Portugal, de momento, mas prefere não “embandeirar em arco”. “Já os tivemos cá há vinte e tal anos e foram embora para comprar na Ásia. E é aos preços asiáticos que estão habituados, mas nós somos Europa. Os ecos que me vão chegando é que estão com falta de produção e precisam de repor stocks, a questão é que alguns deles podem estar aqui de forma temporária, há que não trocar o certo pelo incerto”, alerta o empresário.
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