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Comprar um carro elétrico vai custar tanto como um automóvel a combustão daqui a quatro anos. Entre 2025 e 2027, os automóveis com e sem emissões vão ter paridade de preço antes de impostos, segundo o estudo divulgado este domingo pela federação europeia Transportes & Ambiente (T&E). A forte descida no preço das baterias e a utilização de plataformas próprias são os dois fatores que contribuem para a mudança no mercado automóvel.
Em 2025, um carro elétrico do segmento médio com autonomia de 400 quilómetros irá custar 20 mil euros, praticamente metade dos 38 mil euros que teriam de ser desembolsados no ano passado. Em 2030, o mesmo elétrico deste segmento irá custar 16 mil euros, menos 18% do que um modelo equivalente a combustão.
Também daqui a quatro anos, uma pequena carrinha comercial sem emissões já terá o mesmo preço do mesmo modelo com combustível. Em 2026, a paridade de preço irá chegar aos carros do segmento médio, aos furgões, e aos veículos utilitários desportivos (SUV). Em 2027, os veículos utilitários custaram o mesmo se forem elétricos ou a combustão.
Em relação às baterias, antecipa-se uma descida de 60% no custo por kWh até 2030, dos 120 euros (2020) para os 50 euros. Em 2024, será mesmo atingido o custo de cerca de 80 euros por kWh, o ponto-chave para os elétricos ficarem mais acessíveis.
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A descida do custo das matérias-primas, o aumento da densidade energética, o aumento da capacidade de produção e o menor desperdício explicam a redução do preço das baterias.
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A utilização de plataformas próprias, em vez de chassis adaptados, também vai contribuir para a descida do preço dos elétricos. Com plataformas próprias, a montagem de automóveis é mais simples, o que reduz também os custos de produção.
Com baterias mais completas e plataformas próprias, os carros elétricos serão cerca de 30% mais eficientes. Ou seja, baterias mais pequenas e mais leves, os automóveis sem emissões poderão ter maior autonomia.
O cenário traçado pelo estudo adapta-se a várias circunstâncias e contempla mesmo um aumento de 75% do preço das baterias – através da duplicação da cotação de matérias-primas como cobalto, lítio e níquel. Caso isso aconteça, as metas de paridade de preços serão adiadas por dois anos. Pelo contrário, se as baterias baixarem de preço, as metas serão antecipadas em um ano.
Para as empresas que gerem frotas, a paridade de preços será atingida mais cedo. Os custos operacionais serão mais baixos porque há menos despesas com manutenção e a eletricidade é mais barata.
Novos apoios
O estudo da T&E foi divulgado um mês antes de serem revistas as metas das emissões de dióxido de carbono na União Europeia. As regras atuais preveem, em comparação com 2021, a diminuição de 15% nas emissões de carros novos vendidos a partir de 2025 e de 37,5% a partir de 2030.
Os fabricantes, contudo, só precisam de vender 15% de carros eletrificados (só com baterias e híbridos plug-in) entre 2025 e 2039 – a partir de 2030, não precisam de vender mais de 25% de carros totalmente elétricos.
Para a associação, contudo, para ser possível um mercado composto unicamente por automóveis 100% elétricos em 2035, os novos carros vendidos na Europa em 2025 terão de emitir menos 30% de CO2; menos 45% em 2027; e ainda menos 80% em 2030.
Além de novas normas, a federação defende outro tipo de incentivos à troca de carros, como o sistema fiscal para penalizar os carros poluentes e, assim, financiar a receita para compra de carros sem emissões; e a obrigatoriedade de um número mínimo de carregadores elétricos.
Com base no estudo, a associação ambientalista Zero considera que o Governo português deve colocar uma data-limite, o mais tardar 2035, para o fim da comercialização de veículos ligeiros de passageiros e de mercadorias com motor de combustão, incluindo híbridos e híbridos plug-in. Atualmente, está previsto para 2040 o fim da venda de novos carros a combustão.
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