Partilhareste artigo
“Insuficiente” é como a Confederação de Comércio de Portugal (CCP) considera a extensão até 30 de junho do pagamento de até 50% da renda fixa aos lojistas dos centros comerciais anunciada pelo Governo, depois de ter excluído estes lojistas dos apoios do fundo Apoiar Rendas. “Justifica-se o alargamento dos apoios a estes lojistas de forma a minimizar os atuais problemas”, defende João Vieira Lopes, presidente do CCP.
Leia também:
Governo prolonga até 30 de junho desconto nas rendas dos shoppings
Subscrever newsletter
“A situação dos lojistas dos centros comerciais é muito complicada, tendo em conta os períodos de encerramento a que têm vindo a ser sujeitos no contexto da pandemia e que já ultrapassam os seis meses. A publicação, ontem do o Despacho n.º 3287-A/2021, de 25 de março, do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, que prorroga, até 30 de junho de 2021, a possibilidade da remuneração mensal fixa ou mínima a pagar pelos lojistas de estabelecimentos abertos ao público inseridos em centros comerciais, ser reduzida até 50%, vem dar uma ajuda à sustentabilidade económica destes operadores, mas ainda assim é insuficiente face aos custos que têm que suportar, nomeadamente os restantes 50% da remuneração fixa, mais os encargos comuns”, considera João Vieira Lopes, ao Dinheiro Vivo.
“Neste contexto, justifica-se o alargamento dos apoios a estes lojistas de forma a minimizar os atuais problemas”, diz.
A CCP não é a única entidade a considerar insuficiente o apoio prestado aos lojistas, num momento em que o retalho começa a reabrir. A decisão do Governo também não agradou aos lojistas. “Trata-se de um regime que é insuficiente e que foi pensado para um quadro de abertura com restrições. Não é possível exigir-se o pagamento de 50% da renda fixa e 100% de encargos comuns durante o encerramento das lojas, que ficam com faturações zero”, reagiu Miguel Pina Martins, presidente da Associação e Marcas de Retalho e Restauração (AMRR), em declaração enviada ao Dinheiro Vivo.
Leia também:
AMRR. “Não é possível pagar-se rendas fixas durante o período de encerramento”
“No último ano, as lojas em centros comerciais estiveram encerradas durante seis meses. Caso não haja uma Lei equilibrada e justa, é impossível a subsistência da atividade económica. A AMRR apela à Assembleia da República que aprove uma Lei que, não sendo a ideal, possa de alguma forma mitigar os problemas. Não é possível pagar-se rendas fixas durante o período de encerramento”, reforça o responsável.
“Insustentável” e criadora de “profundas desigualdades entre lojistas” é como a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) classifica a extensão até junho do regime de pagamento de até 50% das rendas fixas nos shoppings.
“Há um ano que os centros comerciais estão sozinhos a apoiar os seus lojistas. Uma situação insustentável que também cria profundas desigualdades entre lojistas, beneficiando uns e prejudicando outros”, lamenta a APCC, numa reação enviada ao Dinheiro Vivo.
“A APCC reitera a sua firme vontade de encontrar, com todos os parceiros do setor, mecanismos mais justos e eficazes que permitam suportar a retoma do setor no segundo semestre deste ano”, diz a mesma fonte, da associação que representa 93 conjuntos comerciais, que integram 8.600 lojas.
Leia também:
Lojas de centros comerciais excluídas do Apoiar Rendas
O ano passado, com a medida contida no OE sobre as rendas dos centros comerciais – de 14 de julho até ao final do ano – a APCC estima ter dado apoios aos lojistas na ordem dos 700 milhões de euros, a grande fatia dos quais entregue às grandes cadeias internacionais.
“Em Portugal, os dois maiores players dos centros comerciais são empresas portuguesas, enquanto mais de 80% das insígnias que estão nos shoppings são grandes grupos internacionais. Pelos nossos cálculos, saíram cerca de 400 ou 500 milhões de euros, de empresas portuguesas, para grandes grupos mundiais, enormes, muito maiores do que a Sonae”, afirmou Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, durante a apresentação das contas de 2020 do grupo. “Isto não faz sentido, é uma discriminação que não percebemos. Obviamente, é uma lei que nos perturba muito” .
Deixe um comentário