//Centros de cowork. A revolução do trabalho

Centros de cowork. A revolução do trabalho

A partilha de espaço de trabalho com startups, freelancers, criativos ou mesmo multinacionais é uma tendência recente, mas que veio para ficar. Chama-se cowork e engane-se quem pensa que são locais para jovens empreendedores ou millenials. É um negócio, ajustado às necessidades e perfis do século XXI, assente no aluguer de espaços à medida do cliente e onde a palavra-chave é flexibilidade. O Grande Porto já tem quase uma vintena destes espaços em operação e o mercado oferece ainda oportunidades de expansão.

Uma das características mais relevantes dos centros de cowork é a adaptabilidade ao cliente. Um profissional só precisa de escolher entre um espaço partilhado, ou seja, secretárias em open space ou um escritório privado. O operador disponibiliza receção, internet, mobiliário, copa, sala de reuniões, espaços de lazer. A tarifa a pagar depende apenas dos serviços contratados e mesmo o tempo de utilização é flexível. Duas horas, uma semana, dois anos… É apenas uma questão de contrato.
Benefícios? Trabalhar sem necessidade de investir no aluguer de escritório ou em mobiliário, de firmar contrato com empresas de telecomunicações, luz e água, de contratar pessoal de apoio. O centro de cowork disponibiliza tudo isto por um único aluguer. Mas não só.

Jerónimo Botelho, que criou a Typographia-Cowork, sublinha o ambiente de trabalho “multidisciplinar, multicultural e com diferentes idades”, que beneficia o crescimento dos negócios. Já Jorge Valdeira, diretor da Regus, destaca que os centros de cowork acompanham o crescimento dos clientes e a internacionalização das atividades, sem necessidade de investimentos em estruturas físicas.

Produtivos e felizes
Os coworkers são mais produtivos, felizes e competitivos, diz o último estudo anual da International Workplace Group (casa-mãe da Regus), baseado num inquérito realizado a 18 mil pessoas de diferentes setores, em 96 países, e que utilizam o espaços de trabalho partilhado. As respostas permitiram concluir que 91% dos inquiridos consideram ser mais produtivos num ambiente de cowork do que num tradicional e 89% é de opinião que potencia o crescimento do negócio. Para 80% da amostra, ajuda a recrutar e a reter talento, e como pode reduzir os tempos entre o trabalho e a vida privada torna mais felizes os trabalhadores (88%).

Synergy. Trabalhar a convite de um gelado

Hélder Vilares e Inês Petiz investiram 170 mil euros na Synergy. FOTOGRAFIA: Pedro Granadeiro/Global Imagens

Helder Vilares e Inês Petiz investiram 170 mil euros na Synergy.
FOTOGRAFIA: Pedro Granadeiro/Global Imagens

São artistas freelancers e o rosto de um dos mais recentes espaços de cowork no Porto. Inês Petiz e Helder Vilares acabam de investir 170 mil euros e abrir a Synergy Coworking. Querem atrair outros criativos para o local e, em simultâneo, adoçar todos os que passam na Avenida Fernão Magalhães. O conceito dos dois jovens empreendedores sai “fora da caixa”. O espaço tem múltiplas funcionalidades e equipamentos para os artistas pousarem as asas da imaginação e transformarem os seus projetos em realidade.

Logo à entrada, a Synergy apresenta-se como Eggas, a geladaria artesanal concebida por Inês Petiz e um dos pilares para a sustentabilidade do negócio. Os gelados, da autoria da jovem empreendedora, são um convite à descoberta dos outros dois pisos, esses dedicados ao trabalho. A luz natural invade o espaço da Synergy e as amplas áreas são um apelo a ocupar as secretárias de madeira desenvolvidas e produzidas por Helder Vilares.

Uma das singularidades da Synergy é dispor de uma oficina, onde estão equipamentos como máquina de prototipagem, impressora 3D e um sistema de controlo numérico computorizado. Foi neste espaço que Helder Vilares materializou as ideias de mobiliário e de decoração que hoje se encontram no espaço. A oficina é o seu local de trabalho (Helder é designer de produto), mas está também aberta a todos os que querem passar as suas ideias à prática. “Muitas vezes temos um projeto, mas não temos os meios e aqui qualquer pessoa pode concretizar a sua ideia e, se for o caso, nós damos apoio na produção, na contabilidade e até legal”, sublinha Helder Vilares.

A Synergy disponibiliza vários serviços, desde o aluguer de uma mesa fixa ou livre, sala de reuniões e/ou formação, arrendamento integral de um piso com 75 metros quadrados e ainda um estúdio de fotografia. Pelo meio, para além da possibilidade de descomprimir com um gelado, um pequeno jogo de pingue-pongue ou de consola, há uma esplanada e um jardim. Como realça Inês Petiz, este espaço, cuja área total é de 570 metros quadrados, permite várias soluções de trabalho e de ocupação. Desde as ofertas mais comuns, como secretária, internet e receção de correspondência, a Synergy disponibiliza aluguer de espaços para a realização de ensaios, pequenos concertos, aulas de ioga e até aniversários. A tabela de preços está adoçada aos serviços e horas requisitadas.

Regus. Só precisa levar o computador

A Regus no Porto, instalada, no edifício Porto District, é o terceiro espaço da empresa. Quer abrir mais dois. FOTOGRAFIA: Fábio Poço/Global Imagens

A Regus no Porto, instalada, no edifício Porto District, é o terceiro espaço da empresa. Quer abrir mais dois. FOTOGRAFIA: Fábio Poço/Global Imagens

A Regus, empresa líder mundial em coworking, tem um novo centro de trabalho partilhado no Porto. É o seu maior espaço no país e o terceiro na área metropolitana. A Regus no Porto está num edifício secular com cinco mil m2 e que pode albergar mais de 700 residentes, avança Jorge Valdeira, diretor da Regus em Portugal. No último ano, a empresa aumentou em 30% o seu número de espaços em Portugal, totalizando atualmente 13 centros, e não irá ficar por aqui. “No Grande Porto, há espaço para crescer, garantidamente há mercado para mais um ou dois centros e, por isso, continuamos a procurar alternativas.”

Jorge Valdeira justifica esta expansão pela “verdadeira revolução em curso no mundo do trabalho, com um número crescente de empresas e profissionais a procurarem soluções flexíveis”. A expansão da Regus tem procurado acompanhar o momento de crescimento da economia nacional, “com muitas empresas locais a expandirem a atividade e muitas externas a entrarem no nosso país e no Porto”, diz. “Temos mais de dois mil clientes em Portugal e uma taxa de ocupação de 90%.”

A Regus na Batalha, instalada no edifício Porto District, está a finalizar algumas obras de adaptação e deverá entrar em plena operação no início de setembro. A estrutura foi reabilitada pelo grupo têxtil Endutex e adaptada para escritórios, mas havia necessidade de introduzir novas valências de forma a cumprir com os padrões da empresa de um local de trabalho flexível, explica Jorge Valdeira.

À semelhança de outros centros Regus, este novo espaço tem uma área de open space, 80 escritórios privados e salas de reunião e disponibiliza ainda o serviço de escritório virtual (domicílio fiscal, receção de correspondência e atendimento de chamadas telefónicas). O cliente “só precisa levar o computador e ligar o wireless”.

Com uma rede internacional de perto de 30 mil centros de negócios, distribuídos por 120 países e 900 cidades, a Regus afirma-se como um parceiro de negócios e de internacionalização de atividades.
“Há empresas estrangeiras que entram em Portugal através da Regus e o contrário”, diz o responsável. A Regus tem sempre um escritório à mão e com soluções flexíveis, desde o espaço de trabalho ao tempo de duração do contrato. Os preços são ajustados aos serviços.

Typographia. Localização, qualidade e diversidade

A Typographia tem lotação quase sempre esgotada e, por vezes, há fila de espera. FOTOGRAFIA: Rui Oliveira/Global Imagens

A Typographia tem lotação quase sempre esgotada e, por vezes, há fila de espera.
FOTOGRAFIA: Rui Oliveira/Global Imagens

Há três anos, o conceito de cowork por terras portuenses estava a dar os primeiros passos. O mercado apresentava oportunidades para o negócio e o jovem engenheiro Jerónimo Botelho estava a reabilitar um antigo edifício da família, no Centro Histórico do Porto, para instalar a sua empresa. Juntou o útil à inovação e criou a Typographia-Cowork. A ideia foi reunir “empreendedores, freelancers e empresas que procurem tirar proveito da partilha de recursos e sinergias de interação e multidisciplinaridade”, conta.

A Typographia (deve o nome à anterior atividade desenvolvida no edifício) tem capacidade para 18 lugares fixos e uma lotação variável de 12 a 18 lugares nómadas. Há ainda espaço para o coworker virtual, isto é, o empreendedor ou empresa que apenas precisa de um domicílio fiscal, receção de correspondência e atendimento de chamadas. Jerónimo Botelho destaca que o espaço já recebeu profissionais de 13 países e cinco continentes desde janeiro de 2016, quando abriu portas. São arquitetos, designers, developers e tradutores os coworkers que mais procuram a Typographia, mas também engenheiros civis, bloggers, programadores culturais.

O local procura ter um ambiente de trabalho diversificado. Jerónimo Botelho quer que os freelancers e/ou microempresas encontrem no espaço “não só uma solução económica para a instalação da atividade empresarial mas também uma oportunidade de aumentar a rede de contactos e visibilidade comercial”. A maioria dos utilizadores fixos trabalha há mais de um ano no espaço e os nómadas nunca ficam menos de dois meses.

Para Jerónimo Botelho, a Typographia alia uma localização privilegiada à qualidade das instalações. O open space tem 130 metros quadrados e o coworker pode optar por um mesa fixa, com respetivo móvel de apoio e cacifo ou por uma mesa partilhada. Há duas salas de reunião e um salão nobre, que permite receber clientes num espaço mais distinto. Esta sala é uma peça do final do século XVII, salienta o fundador.

A Typographia encontrou o seu espaço no mercado. Hoje, é bastante procurada quer para cowork quer para a realização e eventos. “A lotação está quase sempre preenchida, existindo por vezes fila de espera”, sublinha. O negócio é rentável, “permite pagar todas as despesas associadas, um posto de trabalho e ainda gerar rendimento”.

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