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Entre 800 e 900 trabalhadores vão deixar o Millennium bcp no âmbito do processo de reestruturação em curso. O objetivo é que as saídas ocorram por acordo mútuo mas o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, não descarta a possibilidade de avançar para um processo de despedimento coletivo. Segundo o CEO do BCP, “se saírem as pessoas que, de facto, não fazem falta” o número de saídas de trabalhadores será mais próximo dos 800. Este número está aquém da meta de mil trabalhadores que chegou a ser inicialmente considerada. Mas Miguel Maya admitiu que o banco possa avançar com despedimentos, caso não se consiga atingir aquele número através de um acordo com os trabalhadores. O banqueiro afastou que se trate de pressionar os trabalhadores a chegar a acordo com o banco e apontou que se trata de falar “com transparência”. Gostaríamos de evitar, infelizmente nem sempre é possível”, salientou.
Dos trabalhadores que serão dispensados, mais de metade são colaboradores alocados a balcões do banco e entre 45% a 50% estão afetos às áreas centrais.
O banco prevê que vai poupar anualmente 35 milhões de euros com o programa de redução do número de trabalhadores que iniciou e que vai ter um custo total estimado de 90 milhões de euros.
No último ano, saíram 217 trabalhadores das operações em Portugal do BCP e foram encerrados 35 balcões, anunciou ontem o BCP na sua apresentação dos resultados do primeiro semestre deste ano.
“Apesar de se ter vindo a assistir à contratação de novos colaboradores em Portugal, sobretudo com competências adequadas para reforçar as áreas digitais, a evolução favorável dos custos com o pessoal, excluindo os itens específicos, reflete principalmente a redução, em termos líquidos, do número de colaboradores que passou de 7154 colaboradores em 30 de junho de 2020, para 6937 colaboradores no final de junho de 2021”, adiantou no comunicado com os resultados.
Miguel Maya rejeitou as acusações da UGT, que alega suspeitar da existência de cartelização entre os grandes bancos para a redução do número de trabalhadores no setor.
Os vários sindicatos dos bancários têm contestado os processos de redução de postos de trabalho que estão em andamento. No dia 13 de julho, sete sindicatos do setor manifestaram-se em frente à Assembleia da República, em Lisboa, contra os despedimentos. Os bancários admitem avançar para uma greve a nível nacional.
Lucros afundam
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O anúncio do BCP surgiu no dia em que o banco apresentou as suas contas do primeiro semestre deste ano. O banco registou lucros de 12,3 milhões de euros no primeiro semestre de 2021, o que corresponde a uma queda homóloga de 84%.
Questionado sobre as perspetivas para a distribuição de dividendos aos acionistas, Miguel Maya frisou que o banco espera por ter mais “visibilidade” e aguardar pelos resultados no final de setembro, “sabendo que é muito importante pagar dividendos”.
O banco explicou a queda dos lucros com “o reforço de 214,2 milhões de euros das provisões para riscos legais associados a créditos em francos suíços concedidos na Polónia e itens específicos de 87,2 milhões de euros em Portugal, respeitantes essencialmente a custos de reestruturação”. “Por outro lado, o contributo da atividade em Portugal para o resultado consolidado do grupo, situou-se num patamar semelhante ao registado na primeira metade do ano anterior, não obstante ter sido fortemente condicionado pelo reconhecimento de uma provisão, no montante de 81,4 milhões de euros, para fazer face aos custos com o plano de reestruturação do quadro de pessoal em curso”, adianta o banco no comunicado com os resultados.
Na atividade em Portugal, o banco registou um lucro líquido de 45,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2021, “mantendo-se em linha com o montante apurado no mesmo período de 2020″. A provisão de 81,4 milhões de euros foi penalizadora, mas o resultado em Portugal ” foi largamente beneficiado pelo aumento dos resultados em operações financeiras, mas também pelo crescimento dos proveitos core, quer da margem financeira, quer das comissões líquidas”.
Em termos consolidados, a margem financeira subiu 0,7% para 768,2 milhões de euros e o produto bancário cresceu 6,6% para 1122,6 milhões de euros. O crédito a clientes cresceu 4,1% para 55.885 milhões de euros e os depósitos e recursos de clientes aumentaram 7,3% para 68.101 milhões.
O banco fechou junho com uma carteira de crédito em moratória de 7336 milhões de euros face aos 8679 milhões de euros registados no final de 2020.
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