//CEO do BPI não antevê situação “muito complicada” com subida das taxas de juro

CEO do BPI não antevê situação “muito complicada” com subida das taxas de juro

Com a escalada da inflação e a provável subida das taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), as prestações do crédito à habitação não vão escapar a aumentos. As estimativas do BPI apontam para uma subida das taxas de juro entre 1% a 1,5% até 2023. Tendo em conta este cenário base traçado pela instituição, o presidente executivo do banco acredita que não terá forte impacto no aumento do incumprimento de crédito, apesar de admitir que poderá trazer desafios a algumas famílias.

“Não acreditamos numa subida muito significativa [das taxas de juro]”, disse João Pedro Oliveira e Costa durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2022. O responsável relembrou ainda que as taxas de esforço que são calculadas para conceder crédito já incluem cenários de subidas de juros. Por estas razões, diz que não antevê “uma situação complicada”. E garante que “estão confortáveis com a capacidade dos clientes fazerem face a este impacto”.

No entanto, admite que “a gestão do orçamento familiar será mais exigente, principalmente para as famílias com rendimentos mais baixos”. Porém, o líder da instituição financeira recordou que em 2008 as taxas situavam-se em 5,8%, ” e o crédito malparado aumentou, mas não de forma significativa”.

João Pedro Oliveira e Costa apontou ainda que com o aumento do teletrabalho, há despesas nos orçamentos familiares que foram reduzidas, como por exemplo com as refeições ou deslocação. No entanto, e apesar de não traçar um cenário pessimista, alerta que “uma subida das taxas de juro não pode ser em demasia”. E garante que o banco está a olhar para a situação com “atenção” e “prudência”.

Sobre a escalada da inflação, impulsionada pela guerra na Ucrânia, o presidente executivo do BPI deixou o alerta: “a inflação não se resolve por decreto, nem com ajudas ou subsídios”.

O BPI fechou o primeiro trimestre com um lucro consolidado de 49 milhões de euros, uma queda de 18% face ao mesmo período do ano passado. Olhando só para a atividade em Portugal, o resultado líquido ascendeu a 28 milhões de euros, que comparam com os 54 milhões registados no primeiro trimestre do ano passado. A instituição financeira justificou a queda do lucro pela inclusão no primeiro trimestre de 2021 de ganhos extraordinários de 23 milhões de euros com a venda de carteiras de crédito não produtivos.