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Quando se pensa em digitalização de uma empresa a ideia que surge é a de investimento em tecnologia e recrutamento de engenheiros. No caso da Cetelem, a sua transformação passou, no último ano, sobretudo pela mudança da própria estrutura da organização e na formação de equipas. A gigante do crédito ao consumo do grupo BNP Paribas aliou-se à Evolution4All para implementar um plano que veio revolucionar o modelo de funcionamento da empresa. “A primeira fase começou em junho de 2020 e depois começou uma nova fase em novembro, que durou até maio de 2021, que consistiu em fazer uma transformação mais profunda”, disse Luís Gonçalves, fundador da Evolution4All. “Atualmente, continuamos a suportar a Cetelem na transição, para que a empresa possa estar completamente autónoma”, adiantou o diretor-geral da empresa que tem sede na Alemanha e que se dedica a ajudar líderes a ajustar as suas organizações ao digital.
Segundo José Pedro Pinto, chief sales marketing officer da Cetelem, a empresa já tinha “iniciado a aventura da transformação digital desde há dois anos”. “Já tínhamos trabalhado com alguns parceiros, que nos ajudaram com coaching etc. A conclusão a que chegámos é que, para sermos mais efetivos nesta transformação precisávamos de fazer mudanças mais profundas que não passam apenas por coaching”, disse o responsável do banco. Essas mudanças mais profundas “passam por uma nova reorganização, novos métodos, também novos valores e, em última análise, uma nova cultura”. “Necessitávamos de acelerar muito a mudança da forma como interagíamos com os nossos clientes, aproveitando as tecnologias, aproveitando o digital”, frisou.
José Pedro Pinto salientou que o banco tem “algum orgulho de ser dos primeiros bancos a introduzir percursos mais digitalizados”. “Já temos a possibilidade de subscrever um crédito na internet há muito tempo. Sentimos é que, desde há sensivelmente três a quatro anos, a revolução do digital chegou com muita força à área financeira, portanto era preciso acelerar muito mais”, destacou. Para o responsável da Cetelem, esta revolução digital “chegou um bocadinho mais tarde à área financeira do que a outros setores de atividade, eventualmente por questões regulamentares, mas chegou com mais força”.”Hoje costumo dizer que estamos cada vez mais tech e menos fin. Sempre fomos fintech mas a componente tech talvez tenha ganho alguma relevância”, apontou.
Para o banco, o objetivo era “aproveitar as oportunidades que o digital nos impunha para melhorar a experiência do nosso cliente e as próprias expectativas das nossas equipas e trabalhadores, que querem mais autonomia, maior flexibilidade e mais espaço para a sua criatividade e o seu talento”. “Tudo isto era um conjunto de desafios que nós queríamos abraçar com força e energia e foi a razão para a Cetelem aliar-se à Evolution4All”, para implementar um plano que envolveu mais de 200 colaboradores.
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Trabalhar em conjunto
A mudança principal na organização foi a alteração da sua estrutura. “Os desafios precisam hoje de abordagens transversais. Procurámos aproximar as pessoas e permitir que de uma forma mais transversal possamos trabalhar em conjunto. Encontrar uma organização muito mais transversal”, disse o responsável da Cetelem.
“No que diz respeito a investimentos tecnológicos, realizámos alguns investimentos mas não é de hoje. Necessidades de segurança, necessidade de simplificar as aplicações que vinham de trás”, indicou. “Identificámos um conjunto de competências que não tínhamos na casa e tivemos necessidade de reforçar, mas também muita formação das nossas equipas”, afirmou.
Para Luís Gonçalves, mais do que a tecnologia, num processo de digitalização, “o que vai marcar mais a diferença são duas coisas”: a transformação da organização e o modelo de negócio.”As organizações hoje em dia ainda estão a usar princípios de há cem anos, com muitos departamentos a funcionar como silos”, disse. Defende que “há que quebrar os silos e criar uma estrutura com vários departamentos, um swat team e fazer uma mini empresa”. Quanto ao modelo de negócio, deu o exemplo da Uber e da Airbnb, “que revolucionaram” os setores onde atuam.
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