//China quer controlar videojogos para combater miopia e vício dos jovens

China quer controlar videojogos para combater miopia e vício dos jovens

Os reguladores chineses pretendem aumentar o controlo sobre os videojogos e limitar os novos lançamentos, com o objetivo de reduzir o vício e a crescente miopia nos jovens e crianças chinesas. A notícia assustou as produtoras de videojogos, levando-as a descidas significativas na bolsa.

O próprio presidente chinês Xi Jinping apelou a que se tomem medidas em relação aos videojogos, preocupado principalmente com a crescente miopia nas crianças, dizendo que o governo chinês irá tomar medidas e que os pais deviam limitar o tempo dos filhos à frente dos ecrãs.

A introdução de novas medidas, como encorajar atividades ao ar livre ou limitar o tempo no uso de aparelhos eletrónicos, estão a preocupar principalmente os investidores e os jogadores pois a aprovação de novos videojogos está suspensa. O governo não explica esta paragem desde março, levando muitos a questionar se é uma pausa temporária devido à reorganização na tutela ou uma campanha mais forte para controlar o conteúdo online.

“As novas regras/diretrizes vão criar incerteza no crescimento do setor de jogos, acrescentando mais reservas que vão para além do processo de aprovação dos jogos”, disse Alicia Yap, analista do Citigroup, num relatório citado pela Bloomberg. As maiores empresas chinesas de videojogos têm enfrentado muitas dificuldades este ano, com a pausa nas aprovações a impedir a Tencent, a gigante do gaming e redes sociais na China, de trazer o jogo mais popular do mundo, Fortnite, para a China e de monetizar o Player Unknown Battlegrounds (PUBG). Duas das razões para a forte queda dos lucros da tecnológica.

Estas medidas surgem na sequência de notícias nos media estatais chineses em relação o videojogos: desde a morte de um adolescente após jogar 40 horas seguidas no telemóvel à violência e violações dos princípios socialistas.

Estas medidas já retiraram 160 mil milhões ao valor bolsista da Tencent, desde o seu pico em janeiro. Empresas mais pequenas de videojogos têm reclamado que sem novos jogos têm dificuldades em sobreviver.

Para cumprir com as novas exigências e indicações do governo chinês, tais como as crianças não utilizarem aparelhos eletrónicos para usos não pedagógicos mais do que 15 minutos por dia, a Tencent já disponibilizou ferramentas para que os pais possam controlar mais facilmente as horas de jogos dos seus filhos.

Mesmo com todas estas limitações impostas pelo governo, Shawn Yang, diretor executivo da Blue Lotus Capital Advisors vê a Tencent como um bom investimento e que “estas restrições não terão impacto para sempre no setor”, considerando mesmo que “a Tencent será capaz de ultrapassar estas restrições e continuar a lançar jogos novos e populares.”

A Tencent está avaliada em 357 mil milhões de euros e o mercado de videojogos na China vale 28 mil milhões ou 36% do total mundial.

Ver fonte