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Legislação, enquadramento regulamentar, processo de desclassificação de resíduos e questões económicas e financeiras. Estas são algumas das barreiras identificadas pelas empresas portuguesas à economia circular e relatadas através de um inquérito realizado pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal, junto de 194 empresas, em parceria com a EY-Parthenon.
“A legislação e o enquadramento regulamentar, a par das questões económicas e financeiras, são os dois principais obstáculos à implementação de processos de circularidade por parte das empresas portuguesas”, revela a entidade liderada por António Saraiva em comunicado.
“Na resposta às barreiras mais restritivas à implementação de estratégias de circularidade, 37,1% das empresas respondentes identificou a legislação e o enquadramento regulamentar, nomeadamente devido a regulamentação complexa (80%) e processos de desclassificação de resíduos difíceis e demorados (61%). Também as questões económicas e financeiras foram identificadas como um dos principais obstáculos por 35,6% das empresas, desde logo devido à necessidade de investimento de longo prazo (64%) e de adoção de processos de gestão e planeamento mais dispendiosos devido à aplicação de práticas mais complexas (57%)”, acrescenta.
As questões técnicas não ficam de fora e foram identificadas igualmente como sendo dos temas mais restritivos à aplicação de medidas que se inserem na economia circular. “As justificações mais apontadas pelas empresas foram a necessidade de adoção de tecnologias específicas (e.g. reciclagem) para a criação de produtos circulares e de sistemas de produção circulares, mantendo o nível de qualidade ou segurança dos produtos (70%) e a necessidade de maior know-how e conhecimento tecnológico (56%)”.
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Sílvia Machado, assessora sénior da CIP para a área de Ambiente & Clima, frisa que os resultados preliminares deste inquérito demonstram a necessidade de “termos procedimentos mais simples e mais céleres para a utilização de matérias-primas secundárias, além de clarificação regulatória sobre os vários mecanismos de desclassificação de resíduos para subprodutos”.
Além disso, defende, são necessários “incentivos para a utilização de matérias-primas secundárias pelos fabricantes (frequentemente mais onerosas do que as virgens), bem como para o consumidor, para que valha a pena investir num produto mais durável, eco concebido para poder ser reparado e/ou recondicionado e totalmente reciclado no fim de vida”.
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