O diretor-geral da Cisco Portugal, Miguel Almeida, manifestou-se empenhado em tornar a subsidiária portuguesa “muito grande dentro da própria Cisco” e adiantou que pretende aumentar as contratações “acima dos 10%” até 2021.
Miguel Almeida assumiu a liderança da Cisco Portugal em julho de 2019 e faz um balanço positivo desta experiência.
“Venho dentro da empresa e achava que já conhecia tudo”, disse em entrevista à agência Lusa, destacando que há “uma dinâmica incrível” desde a equipa até ao próprio mercado, “uma simbiose de argumentos”.
A Cisco em Portugal, desde agosto do ano passado, “tem crescido em termos de números de uma forma bastante positiva, em termos de pessoas ainda mais positiva” e no que diz respeito a “relacionamentos com o mercado, em geral, ainda mais positiva”, apontou.
“Com este crescimento que a Cisco está a ter e com os meus ‘peers’ [pares] em termos de equipa gestão de escritório – porque somos aqui várias Cisco -, sinto um empenho e uma vontade de fazer a Cisco grande em Portugal, mas ao mesmo tempo fazer a Cisco Portugal muito grande dentro da própria Cisco”, salientou.
“Há qui uma vontade única de todas as equipas de gestão, de todos os ‘managers’ do escritório de vender Portugal de uma forma incrível”, sublinhou o diretor-geral.
Atualmente, trabalham na Cisco Portugal “à volta de 650 pessoas” e, “obviamente, é para crescer até ao fim de 2020/21”, garantiu Miguel Almeida.
“Apesar da covid-19, nós continuámos a contratar, sobretudo engenheiros, que é aquilo que andamos à procura e temos uma previsão de meter mais uma percentagem larga acima disto até ao fim de 20/21”, avançou o gestor.
Questionado sobre o aumento em causa, o diretor-geral da Cisco Portugal afirmou: “Um bocadinho acima dos 10%”.
Relativamente ao novo centro Costumer Experience (CX), que abriu oficialmente em junho do ano passado e que previa a criação até 200 postos de trabalho, Miguel Almeida disse que está “em progresso”.
“Mas digo-lhe, se não criámos os 200, estamos lá muito próximo. Vamos crescer acima disso”, garantiu, explicando que Portugal tem sido um “centro de investimento” para o grupo.
“Há muitas equipas agregadas ao CX, equipas que são de outras áreas, e essas equipas também estão a chegar a Portugal. Tem sido uma vantagem muito grande, portanto, as âncoras estão cá e a nossa expetativa é alargar aqui o número de pessoas”, salientou.
A Cisco “está numa terceira fase de investimento em Portugal. Abrimos a nossa operação de ‘sales’ [vendas] em 1998, depois abrimos em 2008 um grande centro de operações europeu em Lisboa, que foi realmente o grande primeiro investimento que a Cisco fez, e o terceiro investimento foi no dia 03 de junho do ano passado”, com o CX, mais especializado em tecnologia, detalhou.
“Nós duplicámos a nossa força em Portugal e todas as pessoas que duplicámos desde junho, julho [do ano passado] são todos engenheiros. Houve aqui um alargar do que era o espectro da Cisco em Portugal e, realmente, tem sido uma dinâmica engraçadíssima”, referiu.
Sobre o investimento acumulado em Portugal, o responsável não avançou dados, já que é política da multinacional norte-americana Cisco Systems não dar dados desagregados.
“Em Portugal temos 650 pessoas, um número de parceiros alargados. Há aqui outro ponto interessantíssimo que são as ‘network academies’ que temos, são 54. Já formámos à volta de 26 mil alunos, tudo isto é investimento”, disse, sendo que este ano serão mais 5.000 alunos formados. O investimento nas academias deverá andar à volta dos 10 milhões de euros.
Sobre o que a Cisco está a fazer para ajudar Portugal na transição digital, Miguel Almeida destacou o programa CDA – Country Digital Acceleration –, “um programa que tem como objetivo acelerar a transformação digital dos países”.
Recordou que a empresa assinou um “acordo com o Governo em 2017, ainda na altura da primeira legislatura” de António Costa “e é um programa que está ‘ongoing’ [em andamento]”.
É um “programa que assenta muito bem nos pilares do Portugal Digital”, pois inclui a “capacitação das pessoas” (54 academias em Portugal), adiantou, referindo que a subsidiária portuguesa “está a trabalhar com os politécnicos, as universidades e organizações, no fundo a dar formação”. Para os que concluam esta formação, o diploma “dá 95% de garantia de ter emprego, é uma qualificação muito importante” para a indústria, explicou.
Além disso, a Cisco também faz parte do programa UPskill, que está a ser trabalhado pelo secretaria de Estado da Transição digital.
“Portanto, esta parte da capacitação dos indivíduos tem sido foco quer da parte do Governo, quer da Cisco”, sublinhou Miguel Almeida.
“Na parte das empresas, a Cisco desde 98 está a trazer inovação às empresas, estamos a trabalhar com as empresas, ajudar a transformação. Portugal é muitas vezes pioneiro em termos e inovação tecnológica, esse é o nosso ADN, trabalharmos com as empresas, com a administração pública, de forma a ajudarmos o negócio a crescer, este ponto para nós é importante”, defendeu.
Sobre a digitalização do Estado, Miguel Almeida apontou o programa CDA, que visa “maioritariamente ajudar e trabalhar com a Administração Pública na sua aceleração digital”.
Com cerca de 36 nacionalidades e sendo metade dos trabalhadores portugueses, a Cisco Portugal está dividida entre as áreas de operações, vendas e o CX.
Questionado sobre se admite a possibilidade de vir a ter mais centros em Portugal, Miguel Almeida foi perentório: “Obviamente que sim. Essa é uma das minhas guerras diárias”.
Com o CX, “mostrámos outra vez, ao fim de 11 anos, que Portugal era realmente um bom sítio para investir”, sublinhou.
Além do centro Costumer Experience, que “veio com o seu ‘core’, engenheiros e tudo isso. Há uma série de equipas à volta que já começam a vir” para Portugal, disse.
“O mais engraçado aqui é quando você consegue, ao fim de um ano, que toda a gente que tomou esta decisão esteja feliz e contente, é muito encorajador porque eles próprios ajudam-nos a vender o país. As pessoas que tomaram esta decisão há um ano e meio têm sido os nossos embaixadores em outras áreas dentro da Cisco”, salientou.
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