//Clientes fiéis seguram negócio da Marques Soares na pandemia

Clientes fiéis seguram negócio da Marques Soares na pandemia

Os armazéns Marques Soares, marca histórica no comércio tradicional do Porto, abriu as portas a 2021 com esperança na retoma, depois de um ano marcado pelo encerramento das 14 lojas durante o período do confinamento, pela redução do número de clientes e pela ausência de turistas. A crise sanitária provocou uma quebra de 30% nas vendas, que normalmente rondam os 20 milhões de euros, e obrigou a um emagrecimento da estrutura. Ainda assim, a empresa não deixou de investir e, no verão, abriu uma loja MaxMara nos Clérigos. Os 40 mil clientes fidelizados foram segurando o negócio.

Como conta Paulo Antunes, neto do fundador e administrador da empresa, “em 60 anos , sempre foi impensável fechar um dia que fosse além do domingo”, mas a pandemia ditou novas regras e, durante mês e meio, as portas dos estabelecimentos encerraram e os 300 funcionários tiveram de ficar em casa. “Foi extremamente difícil para todos, as quebras nas vendas foram elevadas”, diz.

A reabertura do comércio trouxe um novo horizonte, mas a situação é complexa. É evidente “uma redução do número de clientes que nos visitam, muitos foram obrigados a ficar em casa nos dias em que estavam habituados a ir às compras, perderam a confiança. É muito preocupante”, sublinha o responsável. As lojas Marques Soares na zona dos Clérigos, as mais representativas para a faturação da empresa, perderam também o cliente turista. O turismo representava cerca de 25% das vendas no espaço jovem e 12% na loja mãe. “Esse segmento desapareceu, é raro o turista que vemos nas ruas”, lembra Paulo Antunes.

Aposta no digital

As quebras nas vendas são significativas, mas ainda assim foi a carteira de 40 mil clientes ativos (que possuem o cartão de fidelização da Marques Soares) que ajudou a segurar o negócio. Como sublinha o administrador, “são os clientes fiéis de muitos anos, que confiam em nós e sabem que tomamos todas as medidas de segurança, que continuam a vir às nossas lojas”.

O comércio eletrónico também ajudou neste ano de 2020. A aposta da empresa no digital já remonta a 1999, mas ganhou novo fôlego. Ainda antes da pandemia, a Marques Soares desenvolveu uma nova loja online assente numa plataforma mais moderna e intuitiva e, em simultâneo, criou um departamento que garante que todos os artigos que vão para as lojas físicas são fotografados, descritos e disponibilizados para venda no site. “Esta aposta revelou-se uma excelente resposta na necessidade de adaptação a esta nova realidade e de os clientes manterem as suas compras sem saírem de casa”, frisa Paulo Antunes. “O que no início deste projeto estimámos crescer em três anos, crescemos em três meses”, revela.

Mas é no comércio tradicional, de portas abertas para a rua, que a empresa se mantém de pedra e cal. Com a covid chegaram muitas incertezas, mas o vírus não impediu a abertura da loja MaxMara, nos Clérigos. “É uma marca bastante prestigiada de vestuário feminino e este projeto era bastante importante para nós, pelo que nunca pensámos em suspendê-lo”. Neste espaço, os clientes têm aconselhamento e atendimento personalizado, e também a possibilidade de usufruir das vantagens do cartão cliente Marques Soares.