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A roupa no estendal contrastava com o ambiente jovem, efusivo e alegre que se vivia quinta-feira à tarde no terraço do The Block Lisboa. Ali, nas pacatas traseiras de um quarteirão lisboeta, falava-se sobretudo de blockchain e Ethereum – plataforma descentralizada criada em 2015, cuja moeda digital, o ether, é a segunda maior do mundo, a seguir ao bitcoin. Entre os VIP do mundo do dinheiro digital que ali marcaram presença, estava Joseph “Joe” Lubin, cofundador da Ethereum e fundador da ConsenSys. Lubin é considerado uma das pessoas mais influentes na indústria e um dos mais ricos – o que negou. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o gestor e programador canadiano falou com paixão sobre os projetos da sua empresa de software e do “novo futuro” assente em plataformas descentralizadas. Um mundo mais democrático e mais livre do que o atual. E não se referia apenas à questão do dinheiro. “A tecnologia de protocolo descentralizado é mais sobre libertação e permitir às pessoas beneficiarem do poder que sempre tiveram, porque os mecanismos de coordenação serão descentralizados e menos controláveis por um pequeno conjunto de atores”, diz.
Portugal é especial para Lubin. É aqui que a ConsenSys tem parte da equipa. É a partir de Portugal que é gerida a segurança em que assenta o software da ConsenSys e também a dos projetos que fazem parte do ecossistema da empresa. É um grupo “extremamente técnico” que garante que todo o software funciona bem do ponto de vista da segurança.
Esta semana, Lubin regressou a Portugal, numa altura em que decorria na cidade o evento LisCon, dedicado ao mundo das plataformas descentralizadas. E avisou que “está a surgir um novo paradigma” e comparou a transição que o mundo está a viver, com o fenómeno blockchain, com o que se viveu aquando da última revolução industrial ou com o aparecimento da internet. Para Lubin, ninguém vai ficar de fora. Mas ainda é cedo para que todo o mundo possa embarcar neste novo paradigma. A infraestrutura ainda está em construção.
Considera que, na base da nova tecnologia, “as ideias foram sempre muito poderosas”. A ideia “de criar uma fundação de confiança para o planeta usando protocolos para mudar o mundo de sistemas centralizados para sistemas descentralizados e automatizados”. Um sistema centralizado “é subjetivo: uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas detêm o poder e tomam as decisões”. Do mesmo modo, também considera “preocupante” o atual passe sanitário. Diz que as plataformas descentralizadas permitem “o desenvolvimento de um sistema financeiro descentralizado para o planeta”, por exemplo. O objetivo é criar um mundo mais saudável e justo? “Essa é a visão”. “E está tudo a começar a acelerar. O tipo de crescimento que vai surgir pela via do ecossistema de protocolo descentralizado será de uma magnitude maior do que outro boom que experienciámos na história da humanidade”, defende. “É a nova era da comunidade”.
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