//Comboio ou avião? O exemplo de Londres e Paris faz 25 anos

Comboio ou avião? O exemplo de Londres e Paris faz 25 anos

Nasceu em 1994 para aproximar Londres e Paris e, afinal, fez bem mais do que isso. O Eurostar, comboio que mergulha no Canal da Mancha através do Eurotúnel, veio reconfigurar o panorama dos transportes entre estas duas capitais europeias. Avião ou comboio? A escolha hoje é outra.

Números da AOG, consultora britânica para o setor da aviação, mostram que em 1996 – dados mais antigos disponíveis – havia 4,8 milhões de assentos disponíveis a ligar Paris e Londres. O comboio Eurostar já circulava há dois anos e era visto por muitos como uma opção futurista e pouco adaptada a deslocações diárias. Hoje, a realidade mudou: contam-se apenas 2,7 milhões de lugares de avião a ligar as duas capitais, isto é, menos 44%.

O número de rotas operadas entre as duas cidades, por sua vez, caiu 54% de 36.608 em 1996 para 16.755 este ano, com os voos diários a passarem de 100 para 46. A redução para menos de metade nas rotas é mais acentuada do que a do número de passageiros porque as companhias aéreas utilizam atualmente aeronaves de maior capacidade – 132 lugares em 1996 para 161 lugares agora que as companhias utilização na sua maioria – 85% – aviões A319 ou A320.

O Eurostar, pelo contrário, tem visto aumentar o número de passageiros de ano para ano, para o máximo de 11 milhões em 2018, no total das rotas operadas. “Apesar de ter havido uma redução no número de voos a partir do momento em que o Eurostar começou a operar foi, efetivamente, pequena. O impacto real do Eurotar na aviação foi gradual”, mostra a analista da AOG.

A análise refere ainda que o maior impacto aconteceu nos anos 2000 quando o Eurostar passou a ter uma ligação direta entre a Estação Internacional de St Pancras e Waterloo.

“Foi um alívio para as companhias aéreas com rotas entre Londres e Paris, e para os vários aeroportos que servem este mercado, que o tráfego aéreo não tenha desaparecido da noite para o dia com o Eurostar. A redução nos volumes de tráfego foi provavelmente mais lenta do que se antecipava, e o mercado mostrou uma surpreendente resiliência”, revela o estudo.

Nesta altura, com a linha de alta velocidade, o tempo de viagem também foi reduzido das iniciais três horas, para 2 horas e 16 minutos. Em tempo, a viagem de avião ainda ganha: 94% dos voos estavam tabelados para chegar em 75 minutos, em 2010, mas, os atrasos e problemas nas operações são notados pela consultora como um ponto negativo para este setor. Atualmente apenas 48% das companhias projetam a ligação entre Londres e Paris para uma hora e 15 minutos, sendo mais comum apontarem para 01h25 minutos.

“Tendo por base que a análise que compara os tempos de viagem, um dos principais aspetos da escolha dos passageiros, está correcta, e a possibilidade de confiar no tempo estimado também, então não há boas notícias para as companhias aéreas ou para os aeroportos”, nota Becca Rowland do AOG, que projeta para o Eurostar um futuro mais risonho e o agravar das “desvantagens competitivas do transporte aéreo” nesta ligação.

Afinal, são só 350 quilómetros.

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