//Como o Meta de Zuckerberg quer comer o metaverso

Como o Meta de Zuckerberg quer comer o metaverso

Mark Zuckerberg diz não ter dúvidas: a internet vai transformar-se definitivamente no metaverso e o papel da sua empresa, para continuar a ser um gigante da web, é criar software e serviços para esta nova realidade. Para os mais distraídos: a aposta é de tal forma forte que o Facebook (casa-mãe) passou a chamar-se Meta e o investimento anunciado em realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) durante o próximo ano será de 10 mil milhões de dólares (8,7 mil milhões de euros). O que passa pela contratação de 10 mil pessoas na Europa (Portugal, para já, não está incluído, mas Espanha sim) só para desenvolver software e hardware.

Ainda que as promessas de um futuro brilhante sejam tentadoras, a verdade é que o que Zuckerberg tem hoje para mostrar do seu metaverso não é particularmente incrível.

Isto porque, pelo menos em teoria, o metaverso é o local onde o mundo digital e o real se encontram na perfeição. Em que olhamos para algo – uma planta, um automóvel, ou as estrelas no céu – e o dispositivo que temos à mão ou à frente dos olhos (o telefone, o relógio, os óculos…) identifica-o imediatamente e dá-nos informação relevante. Tudo coisas que os telemóveis já fazem, só que com maior velocidade e facilidade. Agora imagine isto aplicado, por exemplo, a pessoas e às suas interações nas redes sociais: se é casado, a última coisa que postou… (A este propósito, Zuckerberg anunciou na semana passada que o Facebook – rede social – tinha descontinuado o seu sistema de reconhecimento facial.)

Noutra vertente, podemos simplesmente “entrar” num mundo totalmente virtual, adotarmos a personalidade que quisermos e… a imaginação é o limite.

Isto é a promessa do multiverso. A realidade, no entanto, é ainda outra. Apesar de o Facebook, perdão, o Meta, ser proprietário dos óculos de VR Oculus, o seu universo virtual, agora rebatizado Horizon, está ainda num patamar incipiente. Será a partir daqui que o metaverso irá ser desenvolvido. Nesta fase, cada utilizador pode criar uma versão “abonecada” de si mesmo, carregar-se para o universo virtual e interagir com os outros. Nada de muito novo.

Podem fazer-se videochamadas entre os avatares, marcar encontros, jogar videojogos, criar comunidades. Divertido para early adopters e pouco mais, à partida.

Há assim que esperar para ver até onde é que o investimento de Mark Zuckerberg vai conseguir levar o metaverso.

Então, porque há já tanta gente preocupada?

Muita preocupação

A criação do metaverso tem vindo, na realidade, a ser feita por comunidades de desenvolvedores há anos: na chamada Web3, a rede totalmente descentralizada onde reina o blockchain, onde se criam e se trocam criptomoedas e tokens únicos NFT (os que ficaram famosos por terem levado pessoas a comprar imagens digitais por milhões).