//Como será o verão em piscinas e ginásios? Ultra limitado, dizem especialistas

Como será o verão em piscinas e ginásios? Ultra limitado, dizem especialistas

Pode a água da piscina infetar alguém com covid-19? Podem os hotéis, parques de diversões, piscinas municipais estar abertos no verão em segurança? E os ginásios? A resposta resume-se ao seguinte: espere vida limitada (ao que estava acostumado) e regras apertadas, isto para quem se ‘aventurar’ pelo mundo das piscinas e ginásios públicos.

Primeiro, os cientistas. O SARS-CoV-2 é um vírus respiratório, como tal transmite-se por pequenas gotículas (tão pequenas que não se veem e podem-se manter em suspensão ou em superfícies rígidas por horas). “A cloronização da água é suficiente para eliminar o vírus”, diz-nos Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública e corrobora Francisco Antunes, médico e investigador em doenças infecciosas. O mesmo diz a Organização Mundial de Saúde, inclusive sobre a água que bebemos da torneira. E piscinas privadas que usam sal? Gustavo diz-nos que “o sal não chega para fazer a desinfeção correta da água”, mas não há nenhuma informação de que o vírus resista “até porque os vírus não sobrevivem em grandes quantidades de água”.

O maior problema de piscinas públicas e ginásios está relacionado com os próprios espaços, que aumentam a proximidade física, daí que “balneários ou ginásios serão sempre espaços com dose de risco por ser difícil manter distância e evitar que se toque com frequência em puxadores, maçanetas, interruptores de luz e manetes de chuveiro”, diz Tato Borges. Francisco Antunes admite marcações prévias de acesso a ginásios e diz mesmo que “condições de exercício físico, em que os movimentos respiratórios são mais frequentes e profundos, pode até equivaler a maior risco de transmissão”.

Piscinas de turismo rural, por exemplo, com turnos/horas por quarto de utilização da piscina, “podem ser locais com maior facilidade de lidar com os tempos atuais, isto apesar da piscina ter a desvantagem de não dar para usar máscara”, admite Tato Borges: “ninguém pode ficar à vontade porque não há uma medida 100% eficaz para os nossos contactos serem seguros” e, no caso das crianças, vai depender de cada educador de perceber se os filhos conseguem ou não cumprir as regras”. Essas, as oficiais, a DGS ainda irá divulgar nas próximas semanas.

“Balneários é de evitar por completo”, “devem ir equipados”, o mesmo com piscinas com muita gente, como as de parques aquáticos “onde as filas próximas serão impossíveis”, na opinião dos dois especialistas. Francisco Antunes lembra: “estes espaços têm que ser bem arejados, já que a transmissão se processa, também, por aerossóis, que persistem no ar do ambiente durante algum tempo”.

O especialista recomenda “vigilância apertada à entrada sobre o estado de saúde dos utentes” e “separação física (pode incluir divisórias)”. Pedro Simas, virologista investigador do Instituto de Medicina Molecular, lembra que mesmo as máscaras não são totalmente eficazes e “têm mais utilidade para evitar infetar outros do que se ser infetado.”

O que dizem os espaços?
Os ginásios esperam um verão com menos de 70% de receitas, só 30% dos clientes e acreditam que junho será a altura de voltar. Isso mesmo diz-nos José Carlos Reis, presidente da AGAP (Associação de Ginásios e Academias de Portugal, com 1100 dos 1300 ginásios do país inscritos) que já entregou uma lista de regras possíveis para a reabertura (ainda sem resposta da DGS).

Delas fazem parte 1 pessoa por 4 m2, marcação das idas ao ginásio (pelo menos em aulas ou com idosos), metade dos equipamentos inutilizados, proibidos exercícios a dois e os balneários a 50% com acesso vedado aos chuveiros (nas primeiras semanas) e muito gel desinfetante disponível. Há esperança na resiliência do setor, embora “o próximo ano será difícil”, pelo menos “até haver confiança total (vacina)”. Já sobre medidas para ajudar o setor pedem “IVA a 6% por um ano e benefícios fiscais em sede de IRS”. Juan del Rio, CEO do VivaGym Group (Fitness Hut e VivaGym), diz-nos que terá de haver uma reorganização dos ginásios para a reabertura que inclua distanciamento social e higiene. Em Espanha a atividade começa com os balneários fechados.

O Zmar, resort turístico ecológico no Alentejo, onde a piscina enorme é um dos ex-libris, espera abrir o mais rapidamente possível com novas regras. “Ter 81 hectares na natureza e distância entre alojamentos ajuda”, diz-nos a empresa que prepara a reabertura com take away e entrega das refeições em casa. O Zmar admite que as áreas públicas podem ser um problema e distanciar as cadeiras e limitar o uso das piscina pode ser opção.

No Algarve, o The Magnolia Hotel diz-nos ter vantagem de ser um boutique hotel “com acesso direto à maioria dos quartos” (vão ter vários quartos vazios de intervalo) e está a preparar a medição da temperatura aos clientes, desinfetantes e check in totalmente online. “A área de piscina, ginásio e spa permanecerão, para já, interditas – o exercício outdoors será altamente recomendado”, explica Mark McSorley, diretor-geral, que pondera oferecer máscaras a todos os clientes. Prevê-se um verão diferente.

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