Partilhareste artigo
A conserveira Pinhais, que assinalou nesta sexta-feira os seus 100 anos, tem motivos de comemoração adicionais, tendo em conta que, em ano de pandemia, conta chegar ao final do ano com uma faturação de 4,35 milhões de euros, um crescimento de 30% face a 2019, segundo informação enviada à imprensa.
Para essa evolução pesam sobretudo os mercados externos. Além dos EUA, um dos mais importantes para a marca, Áustria, Itália, França, Curaçau, Aruba, Dinamarca e Holanda são os países para os quais a conserveira mais exporta. Presente em 27 mercados, 95% da produção da Pinhais destina-se a mercados internacionais. Em Portugal, os produtos estão disponíveis em lojas selecionadas e restaurantes premium.
Com o objetivo de ampliar as vendas no mundo inteiro, a empresa de Matosinhos criou uma loja online que já lhe permitiu chegar a mercados tão diversos como o Nepal ou o México, num total de mais de 48 destinos diferentes.
Um museu vivo
Subscrever newsletter
A visibilidade da marca deverá conhecer uma nova “montra” no próximo ano, quando a empresa prevê abrir um museu vivo da indústria conserveira, em parceria com a Câmara Municipal. Ficará nas instalações da própria Pinhais, que mantém a localização original.
Trata-se de um “projeto que visa contribuir para a sustentabilidade e valorização da indústria conserveira de Matosinhos e proporcionar uma experiência absolutamente inédita, especialmente pensada para a comunidade local, turistas e clientes”, refere a empresa.
Neste momento, a conserveira emprega “mais de uma centena de colaboradores, conta com diferentes gerações da mesma família”, e faz questão de ilustrar: “A D. Emília da Afurada é a colaboradora mais antiga, trabalha na conserveira há 49 anos. Há ainda colaboradores atuais que frequentaram a creche, que existiu no passado, para os filhos dos colaboradores de então. Um legado que passa de geração em geração, que preserva e valoriza o papel cultural, económico e social que a Pinhais desempenhou nos últimos cem anos”.
Produção 100% artesanal
Outra marca distintiva da sua identidade é o método de produção: “Ao longo do último século, a empresa manteve o processo artesanal em 100% da sua produção, sendo atualmente a única fábrica de conservas em Portugal a privilegiar este método de fabrico”.
A tradição é vincada, não só pelo tipo de fabrico, pelo apreço pelos colaboradores, como também pelos fornecedores. “A Pinhais mantém ainda a grande parte dos fornecedores e clientes há mais de 80 anos”.
Com 100 anos, empresa “resistiu e prosperou enfrentando calamidades como a Segunda Guerra Mundial e o colapso de grande parte da indústria conserveira portuguesa”. O segredo? “Reside nas pessoas e nos seus valores”, refere em comunicado.
Sobreviveu a diversas crises, “inclusive a que mais a afetou e que conduziu, em 2016, à sua venda à Glatz, empresa austríaca, que era, na altura o principal cliente da conserveira e que, como única condição, exigiu que o processo produtivo se mantivesse artesanal”.
“A produção artesanal tem um papel central na identidade e qualidade das nossas conservas. Trabalhamos com a melhor sardinha e seguimos o mesmo ritual de preparação do pescado há décadas, assumindo o compromisso de manter viva esta arte que também é símbolo de Portugal”, refere António Pinhal, que representa a terceira geração da conserveira, fundada em 1920, pelo seu avô.
Deixe um comentário