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São os dois meses mais fortes de vendas do comércio, mas em tempos de pandemia o alerta dos comerciantes e do Governo com o Black Friday e com o Natal é o mesmo. Com os casos de infeção a disparar, há que evitar aglomerações nas lojas para compras e trocas. Nas próximas semanas deverá ser anunciada uma campanha para que os consumidores antecipam as suas compras de Natal, com o período de trocas a prolongar-se, pelo menos, até ao final de janeiro, sabe o Dinheiro Vivo. Promoções acima dos 50%, encomendas por telefone, recolha dos produtos à entrada da loja, no estacionamento do shopping ou até uma Black Friday totalmente digital são algumas das estratégias dos retalhistas. As vendas online podem disparar aos níveis do confinamento: na ordem dos 400%.
“Andamos desde setembro a trocar impressões com o Governo sobre estes temas, nomeadamente, a questão das trocas, precisamente para evitar os ajuntamentos a seguir ao Natal e Ano Novo, por isso vai haver uma campanha, adianta João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). “Está previsto que seja uma adesão voluntária dos retalhistas, não é uma norma obrigatória, vai ser incentivada nos retalhistas das associações e, em termos do consumidor final, através de uma campanha publicitária”, adianta sem detalhar. Mas tudo indica que a campanha deverá arrancar nas próximas duas semanas, com período das trocas a se estender, pelo menos, até final de janeiro. Ou seja, para além dos 30 dias legais.
Os shoppings já se anteciparam: até final de novembro vão investir 700 mil euros para apelar aos consumidores que antecipem compras de Natal. As cerca de 8600 lojas dos centros da Associação Portuguesa de Centros Comerciais – que reúne shoppings como o Colombo, NorteShopping, Alegro Shopping ou Forum Almada – que aderirem a esta iniciativa irão ter um dístico à porta, indicando aos consumidores que se fizerem compras até 15 de dezembro poderão trocar até final de janeiro.
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“Há um grande grau de incerteza e de preocupação. Uns mais otimistas, outras mais pessimistas, mas todos sabemos que será a evolução da pandemia que vai condicionar muito, nomeadamente se existirem medidas de restrição à mobilidade das pessoas, quer em termos de horários quer de movimentações físicas entre concelhos”, diz João Vieira Lopes. “As promoções são muito diferenciadas, mas é frequente aparecerem acima dos 50%”, adianta, num momento em que “há estabelecimentos com vendas ao nível do ano passado, e uma faixa muito grande com quebras entre 25% a 35%.”
Quais as estratégias das marcas
A Fnac não adianta valores de crescimento de vendas, mas admite que “será um período importante” para a cadeia. “Este ano é expectável que o período de novembro e dezembro seja de facto dividido em duas campanhas fortes de Natal e Black Friday, com períodos mais longos que o normal, para possibilitar que os clientes tenham possibilidade de fazer as suas compras com toda a segurança”, diz Inês Condeço, diretora de marketing Fnac. “As campanhas terem de ser antecipadas e alargadas poderia levar a um impulso nas vendas, mas o mais provável é que seja apenas diluído pelos dois meses, dada a contração de consumo a que já se assiste.”
Não só vai ser possível fazer encomendas por telefone, como recolha dos produtos à entrada da loja ou no estacionamento do shopping, como durante as campanhas da Black Friday e de Natal, a cadeia “vai também alargar o período de trocas e devoluções até ao final do mês de janeiro”. E qual é a expectativa para o online? “É muito imprevisível avançar com números por ser tudo tão incerto mas podemos dizer que se o comportamento for idêntico ao período de confinamento o online pode chegar crescer 400%”.
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“As nossas expectativas, ao nível das vendas, são otimistas, apesar do contexto que vivemos”, diz Inês Drummond Borges, diretora de marketing da Worten, cadeia que vai manter as campanhas Black Friday tanto nas 200 lojas, como no digital. “Teremos, pontualmente, algumas promoções exclusivas online (exemplo: Cyber Monday), para corresponder às necessidades e expectativas específicas dos clientes com preferência destacada por este canal”. Mas há fortes expectativas para este canal: “A quadruplicação da capacidade de suporte à operação de vendas online aconteceu a partir do segundo trimestre, para fazer face à aceleração da procura neste canal, durante o confinamento. Esperamos que esta tendência se mantenha durante as grandes campanhas do final do ano, sendo que estamos capacitados para o garantir.”
Na cadeia Kicks, este ano, a Black Friday vai ser 100% digital. “Decidimos não realizar a Black Friday nas nossas lojas físicas, cingindo exclusivamente a campanha ao canal online, de modo a prevenir e a reduzir os ajuntamentos de pessoas nos nossos espaços físicos, em prol da segurança de todos. A estratégia é proporcionar uma experiência de compra diferenciadora de modo seguro, confortável e respeitando o distanciamento social”, diz José Vieira, CEO da Kicks. O ano passado BF e Natal representaram 20% das vendas. “Este ano consideramos que terão maior impacto pela inatividade entre março e junho, devido ao encerramento temporário das lojas físicas.”
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