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Há mais de 150 anos no negócio dos vinhos, a Costa Boal Family Estates tem hoje 65 hectares de vinha distribuídos pelas regiões demarcadas do Douro, Trás-os-Montes e Alentejo, mas está apostada em crescer. Em vista estão novas propriedades. “Os nossos projetos são focados em vinhas próprias. Para termos maior controlo sobre a produção é vital termos uva própria”, diz António Boal, que é perentório: “Fica muito mais caro produzir uva do que comprá-la, ou comprar o vinho, mas preferimos assim”.
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Sobre as propriedades em vista não abre para já o jogo, embora não descarte uma eventual expansão para novas regiões vitivinícolas. “Não posso responder pelo futuro, vamos passo a passo. Se me dissessem, há 10 anos, que a Costa Boal ia crescer tanto eu diria que não”, diz, lembrando que a entrada no Alentejo é ainda muito recente. “É um investimento de 2021, em plena pandemia, todos me chamaram maluco, mas a verdade é que o projeto está a correr muito bem”, garante.
Com uma produção anual total na ordem das 300 mil garrafas, António Boal assume a vontade de aumentar a valorização dos seus vinhos e não tanto o volume. “Estamos há cinco anos a subir preços. Foi um objetivo que colocámos na nossa empresa de aumentarmos a qualidade, mas também o preço, o que nos veio dar alguma força e segmentação de mercado devido ao aumento das matérias-primas”.
A procura valida a aposta. “Estamos a crescer mais do que o planeado nos vinhos de gama média-alta. Há uma grande procura, acima das expectativas”, garante. E, por isso, no primeiro trimestre de 2023 chegarão ao mercado os dois primeiros vinhos grande reserva da empresa no Alentejo, em quantidades limitadas. Serão três mil garrafas de Monte dos Cardeais Grande Reserva Tinto e 1200 do Branco. Além disso, será também lançado o Moscatel Galego Costa Boal Branco.
E se é verdade que a vindima este ano foi mais “curta” no Alentejo e em Trás-os-Montes, com uma diminuição da produção na ordem dos 15%, já no Douro “cresceu entre 5 e 10%”, consoante as parcelas. A seca não prejudicou a qualidade dos vinhos.
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Com uma faturação de 1,7 milhões de euros em 2021, a empresa pretende, este ano, ultrapassar os 2,1 milhões, o que representa um crescimento da ordem dos 25%. A que acrescem os 500 mil euros do projeto no Alentejo. A exportação assegura cerca de 38% das vendas. Para 2023, o objetivo é manter valores nesta ordem de grandeza. “É um ano de grande incerteza, com o abrandamento económico e a perda de poder de compra a gerarem preocupação”, admite.
O aumento dos custos das matérias subsidiárias, como as garrafas, rolhas, rótulos ou caixas, tem obrigado a empresa a reforçar os seus stocks, com os consequentes custos que isso representa. “O vidro vai aumentar, para o ano, na ordem dos 25%, por isso, temos já stocks garantidos para os primeiros nove meses de 2023. Tenho um armazém de 600 metros quadrados cheio de garrafas, são quase 120 a 130 mil euros de vidro dentro de portas”, diz o empresário, que admite: “É preciso ter um grande fluxo financeiro para aguentar stocks desta ordem de grandeza”.
Bem sucedido está também a ser o projeto que lançou, em outubro, com Francisco Costa, mais conhecido pela alcunha de “Costinha” que ganhou no mundo do futebol. Uma parceria que levou à criação da empresa 2CC – Produção de Vinhos, Lda para o lançamento do “Segredo 6”, um tinto de vinhas velhas transmontanas que custa 600 euros a garrafa, de 1,5 litros.
No total, foram produzidas 600 magnums (1,5 litros), 66 garrafas de cinco litros e seis de 15 litros. E metade está já vendida, diz António Boal, para compradores nacionais, nos mercados da saudade e em Macau. A intenção é deixar 30% da produção para novo relançamento daqui por seis ou sete anos. “Até para dar a garantia aos consumidores que nós acreditamos no vinho e na sua longevidade”, afiança o empresário.
No final de 2023 chegará ao mercado a nova colheita do Segredo 6, da vindima de 2020. Os preços de venda ao público serão sensivelmente os mesmos.
A Costa Boal foi distinguida como Produtor do Ano 2021 , pela revista Vinho Grandes Escolhas, que considerou tratar-se de “uma das casas mais dinâmicas do Douro e Trás-os-Montes”, sublinhando a “ambição e profissionalismo” da empresa. Já o enólogo da empresa, Paulo Nunes, foi eleito pela mesma publicação Enólogo do Ano em 2017 e acumulou com a mesmo distinção, em 2020, pela Revista de Vinhos.
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