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Com duas filhas pequenas, Filipa Campos começou a comprar tecidos e rendas na feira de Vila Nova de Cerveira e levá-los a costureiras para fazer camisas de noite, “de estilo simples e clássico como as nossas avós e mães usavam”, que não conseguia encontrar no mercado. As amigas incentivavam-na a transformar a ideia em negócio e foi com a ajuda de Susana Guimarães, que quis aproveitar para fazer pijamas “clássicos e bonitos” para os seus filhos, que a Cotton Moon ganhou corpo. Lançada em abril de 2021, a marca está já presente em sites e marketplaces na Holanda e em Itália. A internacionalização é a grande ambição.
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Filipa Campos é diretora de Marketing da Silampos, a empresa da família, onde continua a trabalhar. Já Susana Guimarães foi jornalista durante 15 anos, designadamente do Porto Canal, e, perante a vontade de iniciar novos desafios, assumiu o projeto Cotton Moon a tempo inteiro. Os contactos familiares no mundo da indústria têxtil foram vitais para conseguir um parceiro industrial, a Somelos, de Guimarães, que hoje fornece os tecidos e dá corpo às peças desenhadas pelas duas amigas. “Quisemos, desde o início, posicionar a marca num patamar alto, com uma grande preocupação com a qualidade dos materiais, mas também da produção e, por isso, queríamos ter ao nosso lado um parceiro que nos desse esse selo de qualidade, ao mesmo tempo que sabemos que cumpre com todos os requisitos e princípios morais e ambientais que são importante para nós”, explica Susana Guimarães, sublinhando que “os negócios devem ser como as pessoas, íntegros e bonitos”.
Todas as peças da Cotton Moon são produzidas em 100% algodão, a partir de stocks da Somelos. A marca nasceu tendo em vista as crianças, dos dois aos 12 anos, mas já evoluiu entretanto, incluindo agora peças para homem e senhora. E, na coleção de primavera-verão 2023 haverá nova adição, o segmento in & out, composto por peças “muito confortáveis”, que podem ser usadas em casa ou numa ida à praia ou ao café.
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À venda online, no site da marca, a Cotton Moon conquistou também já presença em algumas lojas físicas, em Guimarães, no Porto e em Lisboa, e espera, um dia, entrar nos grandes armazéns. Mas a internacionalização é a grande aposta. “Tendo em conta o preço e a qualidade dos produtos Cotton Moon sabíamos que teríamos alguma dificuldade em vender no mercado nacional. Os mercados externos têm, não só, maior poder de compra como, em muitos casos, até valorizam mais o made in Portugal, do que os consumidores nacionais”, refere, por seu turno, Filipa Campos.
100 mil euros foi o investimento de arranque das duas amigas, num projeto pensado para um retorno a três anos. A entrada de um investidor é uma ideia em estudo
Apesar de recém-criada, a Cotton Moon marcou já presença, com grande sucesso, em duas edições da Pitti Bimbo, a feira de referência de moda para criança, em Florença, Itália. E vai em breve estar representada numa feira de têxteis-lar, a convite de uma empresa italiana do setor, o que levou as duas amigas a questionarem-se sobre a possibilidade de alargarem a sua gama de produtos, no futuro, aos lençóis e outros artigos para o lar. Uma área em que a Somelos tem enorme know how e experiência adquirida.
A marca tem sido muito bem recebida nos mercados do centro da Europa, que “valorizam muito a alta qualidade, a durabilidade dos produtos, e que têm maior poder de compra”. Mas as duas amigas têm, também, em vista o mercado espanhol, pela sua dimensão e proximidade, bem como um dia chegar a outros mercados de elevado potecial, como os Emirados Árabes Unidos ou Angola. Mas precisam de ajuda para dar esse passo gigante.
“Gostaríamos de encontrar um investidor para a marca que acreditasse no projeto e nos ajudasse a dar este salto. Há pouquíssimos apoios, a banca só empresta a quem já tem dinheiro, torna-se incomportável fazermos isto sozinhas, nos dias de hoje, com uma conjuntura tão difícil”, admite Susana. Filipa garante que não faltam ideias e vontade de as concretizar, mas faltam os meios para o fazer.
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