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Em 1918, no Porto, nasceu a firma Flôres e Couto, produtora da icónica pasta dentífrica amarela e preta desde 1932. A marca já ultrapassou a barreira dos 100 anos, mas o negócio continua vivo e dinâmico, tal como se comprova pela faturação de 2022 que chegou a um milhão de euros. A Couto, SA continua a percorrer um caminho de crescimento, prevendo ainda aumentar as receitas em 10% este ano.
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No ano passado, a Couto levou um golpe de 11% na faturação por ter descontinuado alguns dos produtos da sua linha comemorativa dos 100 anos, mas também pela inflação provocada pela guerra na Ucrânia. Ainda assim, e mesmo nos tempos conturbados da pandemia, a faturação manteve-se sempre no patamar de um milhão de euros e a previsão é de “uma subida de 10% este ano, face a 2022”, explica Alexandra Matos, diretora comercial e administradora da empresa.
O percurso da gestora na Couto teve início em 2016, depois de se ter casado com o administrador da marca, Alberto Gomes da Silva. Com novas ideias para a empresa, “em que o Alberto embarcou de imediato”, a marca ganhou novo fôlego, um rebranding e novos produtos, também com a ajuda de Cláudia França, diretora técnica da empresa.
Agora com um portefólio que vai além da famosa pasta dentífrica e do restaurador Olex, a marca tem também cremes, colónias e variados coffrets. “Os novos produtos foram importantes, sem dúvida, mas o foco foi sempre não perder a identidade de marca”, razão pela qual o tradicional azulejo nacional integra a imagem de todos os novos produtos.
O esforço da diretora comercial para reavivar a Couto continuou e a grande aposta seguinte foi na abertura da primeira e, por enquanto, única loja física da marca, situada na emblemática Rua da Cedofeita, no Porto.
Em 2020, e para que os produtos pudessem “continuar a chegar a casa dos portugueses”, foi lançada a loja online. Atualmente, é possível encontrar a marca nos seus pontos de venda próprios, mas também em várias lojas de comércio tradicional e drogarias por todo o país.
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O último e mais recente grande investimento da marca foi na sua unidade fabril, com mais de meio de milhão de euros, sem financiamento bancário, direcionados para a aquisição de novas máquinas. A diretora comercial explica que o investimento permitirá “fazer face à procura”, que tem estado a aumentar. “Desde 2021, vendemos 1,5 milhões de bisnagas.”
Da fábrica, em Vila Nova de Gaia, saem mensalmente 50 mil bisnagas de pasta dentífrica, o “produto estrela” que representou, em 2022, 83,5% do volume de vendas, o equivalente a 610 mil unidades vendidas. “Temos vindo a evoluir enquanto marca, mas mantendo-nos fiéis às tradições e aos nossos valores, crescemos, mas sem desvirtuar o que somos”, refere Alexandra Matos, fazendo um balanço do crescimento da empresa.
A diretora comercial prossegue o seu comentário, mas não sem prestar o devido reconhecimento à equipa “muito capaz, unida e dinâmica, que veste a camisola e sente a responsabilidade daquilo que é trabalhar numa marca desta dimensão”. Atualmente, a Couto emprega dez pessoas.
Perspetivas futuras
A marca nacional é ainda muito reconhecida, “especialmente pelas gerações mais velhas, seja porque utilizam os produtos ou porque mantêm um elo emocional de saudosismo”, afirma Alexandra Matos.
Ainda assim, mesmo sendo tradicional, a Couto não esquece a vertente inovadora necessária para atrair outros clientes. Além do design com elementos portugueses e de a estética vintage ter vindo a chamar novos consumidores, também o facto de a pasta, por exemplo, ser vegan, constitui um ponto de atração. “Utilizamos somente matéria-prima de origem correta, idónea, não utilizamos nada de origem animal nos nossos produtos e não testamos em animais.”
E, em boa verdade, a Couto já não é só uma marca nacional, já são vários os estrangeiros que param à frente da montra da loja no Porto, atraídos pelo design vintage. No entanto, muitos outros chegam já conhecendo a referência que exporta um pouco por todo o mundo. As exportações representam cerca de 5% da faturação, com Alemanha, Itália e Espanha como mercados mais representativos.
Comandar os destinos de uma marca nacional tão icónica, com mais de 100 anos de história e uma tradição a manter não é tarefa fácil, mas Alexandra Matos assume o leme com “grande honra”. Com propósito renovado em 2016, fruto de uma história de amor, a marca conseguiu acompanhar as mudanças e evoluir na direção certa, “algo de que muito nos orgulhamos”.
Para futuro, os objetivos passam por continuar a investir no portefólio e em criar novos produtos para os consumidores. “Qualidade e pertinência” continuarão a ser o foco. Ainda a pensar nos próximos passos, e questionada sobre o sonho de abrir uma loja em Lisboa, a diretora comercial revela que não é um projeto que esteja no horizonte a curto prazo, até porque a marca está bastante presente” em Lisboa, tanto em hipermercados como no comércio local.
Contudo, tal não significa que, no futuro, “se surgir a oportunidade certa”, não seja um passo a considerar. Por agora, a empresa vai continuar a trilhar o percurso de evolução, com muito “dinamismo, qualidade e cultura para enfrentar os próximos 100 anos”.
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