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Para já são três, mas em abril está prevista uma nova abertura, na Amadora. Os restaurantes Cozinha Continente vieram para colmatar uma lacuna que a MC, do grupo Sonae, identificou no que à comida pronta diz respeito. “Não é uma questão de moda. É uma solução que agrada e que acaba sempre por fazer falta num determinado momento”, diz ao Dinheiro Vivo, Ana Alves, a responsável pela área de Food Solutions da MC. “Depois, também há a vertente económica porque, às vezes, é mais barato optar por soluções já prontas do que comprar os ingredientes para cozinhar”, declara.
A crescente procura por soluções de comida pronta, que acelerou com a pandemia, mostrou que “esta é uma época em que tudo gira muito em torno da comida e da comida pronta”, frisa Ana Alves que garante estarmos numa época em que a alimentação é “rainha”.
O projeto Cozinha Continente demorou quase um ano até ver a luz do dia. Praticamente 12 meses de testes a produtos e de muitas visitas a fornecedores. Para a abertura dos primeiros três restaurantes houve um investimento de mais de dois milhões de euros, que Ana Alves sabe não terão retorno nos primeiros anos.
“É um investimento a longo-prazo e que não se esgota no restaurante e na cozinha Continente. Na verdade, estamos a fazer isto para mostrar o que temos de melhor dentro do nosso hipermercado e que pode ser consumido quente aqui ou levado para casa”, declara a responsável.
O segredo do sucesso
A primeira Cozinha Continente a abrir foi a de Vila Real, em março de 2022. E porquê ali? “Se em Vila Real vingasse, sabíamos que vingava em qualquer lado, porque em Vila Real come-se muito bem, muito barato e em muita quantidade”. As expetativas acabaram largamente superadas. De tal forma que foi necessário mexer rapidamente no plano de expansão.
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Passado o primeiro teste seguiu-se a Cozinha Continente de Viseu, que abriu em dezembro. E, já no início deste ano, foi inaugurado o terceiro espaço, em Telheiras, Lisboa. “Foi uma bomba”, afirma a responsável, explicando que, em média, ali são vendidas cerca de cerca de 480 refeições por dia. Já os outros dois restaurantes vendem metade deste número.
O segredo do sucesso são os pratos, elaborados como na cozinha lá de casa. Todas as receitas foram revistas e atualizadas para não incorporarem intensificadores de sabor, corantes ou aromatizantes artificiais. O mentor desta mudança é o chef executivo André Matos, que pensou e desenvolveu todos os conceitos.
“É o guardião destas regras e trabalhou com a sua equipa na redefinição das nossas receitas. Tudo o que é vendido pela marca Cozinha Continente passou pelas mãos desta equipa”, diz Ana Alves, confessando que a MC reconheceu que, do ponto de vista do conhecimento gastronómico, tinha de evoluir. “No balcão de atendimento a equipa reviu 33 receitas e quando digo rever é alterar. Algumas são completamente novas “, frisa.
Para garantir que a refeição que se come em Viseu é igual à de Telheiras e de Vila Real, todas as fichas técnicas foram rigorosamente elaboradas e passadas para todas as unidades Cozinha Continente.
Pegando no exemplo do Bife à Portuguesa, Ana Alves explica que o corte da peça foi previamente definido com os fornecedores, bem como o corte da batata que acompanha a carne. Em suma, as receitas são seguidas de igual forma em todos os locais e até os equipamentos das cozinhas são iguais, para garantir o mesmo sabor em todos os espaços.
Novas contratações
Levar a cabo o novo projeto exigiu contratar mais pessoas. Nos três restaurantes trabalham cerca de 85 pessoas, mas as contratações continuam devido à abertura do novo espaço, na Amadora. “Além de que esta é uma área com muita rotação, por isso, precisamos sempre de estar a treinar e preparar pessoas, porque os processos são muito rigorosos”, diz Ana Alves.
O início do processo, ou seja, contratar para a loja de Vila Real foi mais moroso. Mas, desde o momento em que a equipa ficou fechada, tornou-se mais fácil conseguir formar as restantes. “A equipa que foi contratada para Viseu já estagiou em Vila Real e esta de Telheiras já estagiou nas outras duas cozinhas”, especificou a responsável, detalhando que todos os que trabalham nos espaços Cozinha Continente têm formação a nível da higienização e do fardamento. “Por exemplo, ninguém entra no espaço sem touca”, assegura.
Combater o desperdício
Ana Alves diz que o tema do desperdício faz parte integrante do ADN da MC. “Pode haver quebra, mas não pode haver desperdício”. O que remetendo para um restaurante se revela particularmente difícil, uma vez que é uma área onde “tipicamente existe desperdício”. A forma de combater as sobras é conseguir um processo onde elas não existem.
“Claro que dentro do desperdício que se gera, trabalhamos com a Too Good to Go e com a Refood, para garantir que tem aproveitamento”, mas o trabalho inicial é feito de forma a evitá-lo, reforça a dirigente.
E exemplifica: os ingredientes são da loja Continente onde está o restaurante, evitando assim comprar-se a mais. Existe também uma gestão da quebra muito apertada. “Garantimos que não expomos além da hora que é suposto. É um esforço que fazemos e as pessoas têm de compreender que esta comida já nem sequer pode ser doada, tem de ir para o lixo”, explica, garantindo que um cliente que chegue depois das 14 terá sempre acesso a pratos confecionados na hora. Já a comida refrigerada tem mais validade e pode ser doada.
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