//CP põe comboios do Douro na linha do Oeste

CP põe comboios do Douro na linha do Oeste

A CP vai repor os horários na linha do Oeste a partir de 4 de novembro. Esta alteração apenas será possível porque o fim dos comboios turísticos no Douro, no final deste mês, vai libertar duas automotoras a gasóleo alugadas a Espanha, apurou o Dinheiro Vivo junto da empresa. Ao todo, haverá cinco comboios ao serviço da linha entre Lisboa e Caldas da Rainha, número considerado insuficiente pela comissão de trabalhadores da empresa e pela comissão de utentes. A linha do Oeste, tal como as do Algarve e Alentejo (troço Casa Branca-Beja) apenas funciona com automotoras a gasóleo.

“Confirmamos que está previsto o reforço do parque de material circulante da linha do Oeste, com unidades 592, a partir de novembro”, refere fonte oficial da empresa quando confrontada com os horários disponibilizados na sua página oficial. Estas duas automotoras, fabricadas no início da década de 1980, pertencem “ao lote das 20 unidades que estão em circulação em Portugal” nas linhas do Douro e do Minho desde 2011 e que são alugadas à Renfe, a congénere espanhola da CP.

Esta reposição permite que voltem a existir três ligações diárias entre Lisboa-Santa Apolónia e Caldas da Rainha – em vez das atuais duas – e o regresso do comboio direto entre esta cidade e Coimbra B, que demora uma hora e 55 minutos. Até ao início de novembro, os passageiros terão de passar de uma automotora a gasóleo para uma UTE – unidade tripla elétrica na estação da Amieira. Com a reposição dos horários anteriores aos cortes de agosto, também haverá mais ligações entre Leiria e Mira Sintra-Meleças.

Na linha do Oeste, as duas “camelas”, como são conhecidas na gíria ferroviária, vão juntar-se às três automotoras a gasóleo UDD 450 atualmente disponíveis para este percurso. Compradas em 1965, estas unidades precisam de manutenção constante para evitar o risco de avarias. Só que estes comboios têm estado parados por falta de mão-de-obra e de peças na EMEF.

A comissão de trabalhadores da CP, tendo em conta este histórico, alega que os comboios disponíveis para esta linha são insuficientes. “Basta uma avaria para estes utentes ficarem imediatamente sem serviço”, lamenta José Reizinho. A solução ideal, diz este dirigente, “seria a colocação de mais automotoras de Espanha nesta linha, só que, assim, não haveria material suficiente para cumprir os horários no Norte do país”.

A comissão de utentes considera que a reposição de horários “é o resultado da luta desenvolvida durante o Verão” mas lamenta a insuficiência de automotoras: “o número de composições não é suficiente para evitar supressões devido a avaria, acidente ou mera revisão do material”.

Nas restantes linhas não eletrificadas, onde também circulam as automotoras UDD 450, o material circulante poderá ser aumentado nas últimas semanas deste ano. A empresa nada diz oficialmente, mas tem deixado várias pistas nos últimos meses.

Em setembro, o presidente da CP, Carlos Gomes Nogueira, contava que o início das obras “no troço de Caíde-Marco de Canaveses” pudesse “melhorar drasticamente a situação nestas linhas em outubro e novembro”. Essa intervenção deverá obrigar ao fecho desta ligação entre dezembro e fevereiro, o que poderá libertar mais algumas automotoras alugadas a Espanha para as linhas nacionais que ainda não estão eletrificadas.

Atualmente, o serviço regional nas linhas não eletrificadas deveria funcionar com 19 automotoras só que a CP espera que quatro destas unidades, as UDD 450, fiquem “em imobilização prolongada” até ao final deste mês, o que “aliado às necessidades de manutenção inerentes à vetustez deste parque de material circulante provocará condicionantes relevantes na oferta comercial”, refere o presidente da CP na resposta escrita enviada aos deputados, depois de ter sido ouvido em comissão parlamentar no dia 4 de setembro

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