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O diretor-geral da Cisco Portugal diz, em entrevista à Lusa, que o último ano fiscal da tecnológica foi “bom”, tendo registado um crescimento “de dois dígitos”, alavancado pelas áreas de segurança e trabalho híbrido.
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O ano fiscal da Cisco tem início em agosto e termina em julho.
“Ainda apanhámos o agosto de 2021, a última fase dos problemas da pandemia, mas realmente foi um bom ano para a Cisco Portugal”, afirma Miguel Almeida.
O mercado digital “tem vindo a crescer (…), a Cisco tem vindo obviamente a crescer conjuntamente”, prossegue.
“Temos um crescimento de dois dígitos” no ano fiscal terminado em julho, refere, sem adiantar números, já que não é prática do grupo revelar dados locais.
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O diretor-geral salientou que a tecnológica está a “crescer em áreas” que são “críticas” como a segurança e trabalho híbrido.
“Áreas como a segurança, a questão do trabalho híbrido, têm tido um grande crescimento, não só nesta área das aplicações híbridas, mas obviamente por a segurança também” porque “há muito mais desafios em termos de segurança do que havia há quatro anos”, acrescenta.
Depois há também a transformação das infraestruturas, que está ligada a duas “áreas específicas”: as infraestruturas críticas do país, que têm de melhorar os seus aspetos à volta da segurança e da conectividade” e tudo o que tem a ver com o trabalho híbrido, nomeadamente por causa das redes.
Atualmente, as redes “são muito importantes não só para as pessoas trabalharem através dos seus escritórios, mas obviamente para trabalharem através de casa”, aponta.
Portanto, “temos um crescimento muito importante, muito alavancado também na questão da segurança” porque hoje em dia, “não só realmente pelo que tem acontecido nos últimos tempos à volta dos ataques, mas objetivamente pela mudança da forma como trabalhamos do escritório para casa, houve aqui uma necessidade enorme de nós ampliarmos, desenvolvermos as nossas políticas de segurança à volta das organizações”, refere.
Quanto às expetativas para o ano fiscal atual, estas são de “continuar a crescer em ambas as áreas: segurança e trabalho híbrido”, à semelhança do que também acontece no grupo.
“Outra grande tema com o qual estamos a lidar e que agora está a acelerar é, claro, os fundos europeus. Esta é uma grande oportunidade para o país abraçar o digital e, claro, estamos a trabalhar com muitas entidades dos setores público e privado para tirar vantagens disso”, diz Miguel Almeida.
Neste momento, o digital “já não é mais um setor da economia, mas uma prática que toda a economia procura”, refere, ou seja, a digitalização passou a fazer parte do ADN das organizações.
Sobre o impacto da guerra, subida dos custos da energia, inflação que caracterizam a atual conjuntura económica, o diretor-geral da Cisco Portugal nomeou dois.
“Sentimos o impacto em dois grandes problemas em IT [tecnologias de informação]: uma delas é na cadeia de fornecimento”, uma grande mudança na cadeia se se comparar com os últimos anos, “e a outra é a logística”, aponta, sendo que “ambas estão completamente diferentes” daquilo que eram no passado.
Mesmo antes da pandemia? “Piores até, para ser honesto”, remata o gestor da tecnológica.
“Certos elementos do negócio estão agora pior” do que no tempo da pandemia, nomeadamente o custo da energia, dos fretes, entre outros, e “isto não é bom para a economia”, sublinha.
Sobre se estes problemas vão continuar até ao final do ano, apesar de ninguém ter uma ‘bola de cristal’, Miguel Almeida salienta que a sua “expetativa pessoal” aponta que a situação “irá continuar até final do ano”.
Na sua opinião, “a Europa vai ter um inverno difícil”, quer em termos de custos de energia, como de preços dos bens.
Questionada sobre a importância da subsidiária portuguesa no grupo, Anna Barker, diretora sénior da Cisco Customer Experience Center (CX Center), salienta que Portugal “é muito estratégico” para a Cisco.
Portugal é o terceiro grande escritório que a multinacional Cisco tem na Europa.
“Estamos absolutamente comprometidos em continuar a desenvolver o crescimento aqui”, asseverou Anna Barker, recordando que o CX Center arrancou oficial em 2019.
Desde então “crescemos de cerca de 30 trabalhadores para cerca de 200” e “esperamos continuar a crescer”, acrescenta, apontando que parte deste aumento de pessoal aconteceu durante a pandemia, o que foi um “desafio extra” para a Cisco.
“Conseguimos crescer de forma excelente, conseguimos atrair talento de fora do país para vir para Lisboa, porque é uma localização atrativa, tivemos pessoas que vieram de todo o mundo [para o CX Center]”, tal como também de Portugal, refere.
Aliás, “temos uma mistura entre talento internacional e local”, sendo que a Cisco tem uma relação próxima com as universidades Técnico e Nova.
“Lisboa é um local estratégico e assim irá continuar. Estamos muito orgulhosos do crescimento que temos assistido nos últimos anos”, remata Anna Barker.
Miguel Almeida salienta que uma das apostas da Cisco, que conta atualmente em Portugal com cerca de 1.000 trabalhadores, é “reter talento”.
Anna Barker destaca que as parcerias com as universidades permitem uma “forte” ligação ao talento e que a capacidade da tecnológica criar carreiras e possibilitar que os estudantes e licenciados façam “parte de algo maior” é um dos atrativos da empresa.
“Isso ajuda-nos a ser o número um [na classificação] do melhor lugar para trabalhar em Portugal” durante “dois anos consecutivos e estar no ‘top 3’ durante 10 anos”, dando vantagem à Cisco quando procura talento, argumenta Anna Barker.
Atualmente, “43% da nossa força de trabalho são mulheres” e “temos 42 nacionalidades”, refere.
Relativamente ao programa Cisco Networking Academy, “temos mais de 48.000 estudantes já formados”, diz o diretor-geral da Cisco Portugal.
“Isto é muito importante porque estamos a desenvolver os portugueses em termos de talento IT”, salienta.
Quanto à meta de contratação de pessoas neste ano fiscal, Miguel Almeida afirma: “A nossa ambição é crescer sempre dois dígitos”.
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