//Crise com 737 MAX custa mil milhões à Boeing

Crise com 737 MAX custa mil milhões à Boeing

Não é surpresa para ninguém. Os dois acidentes mortais que envolveram os aviões Boeing 737 MAX tiveram um impacto direto nas contas da fabricante norte-americana. Os lucros da Boeing caíram 21% no primeiro trimestre, anunciou esta quarta-feira, a empresa.

A Boeing, que ao longo dos anos tem competido diretamente com a fabricante europeia Airbus pelo pódio na produção de aviões, registou um lucro operacional de 1,98 mil milhões de dólares, menos 21% do que os 2,51 milhões dos primeiros três meses de 2018.

O período é de incerteza. Numa altura em que o bestseller da fabricante está em terra, a Boeing admite que as previsões traçadas para este ano “não refletem” a nova realidade. “Devido à incerteza atual e às condições que envolvem o regresso da operação da frota 737 MAX, serão dadas novas orientações numa data futura”, refere a empresa, que assegura que “está a fazer sucessivos progressos para a certificação final do software de atualização do 737 MAX, com mais de 135 voos para teste deste software”.

Dennis Muilenburg, CEO da empresa, lembra que “por toda a empresa estamos focados na segurança e no regresso do 737 MAX à operação”. O responsável diz que quer “reconquistar a confiança dos clientes, reguladores e público que viaja de avião”.

Ao mesmo tempo, Muilenburg realça que “enquanto trabalhamos para ultrapassar este período desafiante para os nossos clientes, acionistas e empresa, a nossa atenção está focada em entregar qualidade e performance, e percorrer um modelo de negócio saudável e sustentado focado no longo prazo”.

Na apresentação de resultados, a fabricante admitiu que o cancelamento de entregas do 737 teve um custo de mil milhões de dólares. As previsões apontavam para a produção de 52 aviões por mês, mas os dois acidentes cortaram para 42 o número de aviões produzidos. Como consequência, o cash flow da empresa afundou – está 350 milhões de dólares abaixo do registado há um ano.

Uma investigação feita pelo The New York Times, e divulgada este fim-de-semana, expõe falhas na empresa. A publicação revela que na Boeing existe uma cultura empresarial que dá preferência à rapidez, em detrimento à qualidade e que os trabalhadores eram pressionados a trabalhar rapidamente, enquanto a fabricante de aeronaves ignorava as preocupações apresentadas.

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