//Crise tira 300 milhões de lucros à Caixa

Crise tira 300 milhões de lucros à Caixa

A crise provocada pelas medidas adotadas no âmbito da epidemia do novo coronavírus custou 24 milhões de euros por mês à Caixa Geral de Depósitos (CGD), em 2020. O banco público fechou o ano com menos 284 milhões de euros de lucros face a 2019. Na base do resultado está a contabilização de “imparidades e provisões no montante de 309 milhões de euros” como”resposta à pandemia covid-19″, segundo o comunicado com os resultados da Caixa. “Assisti a várias crises mas não a uma tão profunda como esta”, disse Rui Vilar, presidente da CGD, na conferência de apresentação dos resultados que foi transmitida online.

Apesar da crise, dos 492 milhões de euros que a CGD lucrou em 2020, o banco propõe distribuir 85 milhões de euros em dividendos ao acionista Estado. O valor corresponde a cerca de 15% do lucro total e está em linha com as orientações dadas ao setor pelo Banco Central Europeu, explicou Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa, na conferência. Macedo admitiu a possibilidade de o banco distribuir um dividendo adicional durante este ano, dependendo da evolução da epidemia e da economia. “Prevemos resultados líquidos em 2021 menores do que os de 2020”, alertou Paulo Macedo.

Portugal sofreu em 2020 o impacto de uma das maiores crises económicas de sempre devido à estratégia seguida para gerir a crise na saúde que incluiu um confinamento da população no primeiro trimestre do ano, bem como o encerramento de comércio e negócios. O desemprego disparou tal como as insolvências.

O ano de 2021 está a começar com um novo confinamento e o fecho do comércio e condicionamento da atividade da restauração.

Para tentar ajudar as famílias e as empresas foram implementadas moratórias no crédito. O prazo da moratória pública foi prolongado para o final de setembro deste ano.

Para fazerem face a eventuais incumprimentos no crédito, os bancos foram obrigados a constituir provisões que afetam negativamente os seus lucros. No caso da Caixa, registava no final de janeiro deste ano um total de 67 mil contratos de crédito com moratória, correspondentes a um montante global de 5.992 milhões de euros. Trata-se de menos 990 milhões de euros face ao nível de contratos com moratória que o banco registava no final de julho de 2020.

Questionado sobre se a Caixa aprovaria um prolongamento das moratórias, Paulo Macedo defendeu que só as empresas e os particulares em dificuldades deveriam poder beneficiar de mais apoios, depois do mês de setembro, ao abrigo de uma eventual autorização que venha a ser anunciada pela Autoridade Bancária Europeia. “Portugal tem o maior número de moratórias e (as) mais longas dos países europeus. Não parece que faça sentido ir aumentar ainda mais o tempo das moratórias e a dimensão das moratórias, exceto para as empresas que não gerem cash-flow”, disse. “A Caixa é claramente favorável a uma situação de apoio, seja ela nacional ou internacional, a entidades destes setores que não vão gerar proveitos”, adiantou. Frisou ainda que “deveria haver um esquema de proteção para os desempregados”, estando a CGD está disponível para reestruturar os créditos dos clientes.