A proteção de dispositivos médicos é a nova aposta da Critical Software. O sistema desenvolvido pela empresa portuguesa para proteger equipamentos vai também servir para salvar vidas. E, para crescer nesta nova área de negócio, a Critical Software está a preparar-se para ir às compras pela primeira vez.
“Estamos a avaliar a aquisição de uma empresa na Alemanha com até 100 pessoas. Teremos o desafio de manter a cultura da empresa quando há um processo desta ordem”, assinala Luís Gargaté, diretor de desenvolvimento de negócio.
A Critical Software aposta num mercado com 1,5 milhões de dispositivos, como desfibriladores, máquinas de suporte de vida, implantes e máquinas de diagnóstico, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Estes equipamentos vão passar a ter regras mais apertadas na Europa. A partir de maio de 2020, terão de ter um sistema de monitorização e de reporte de incidentes, um sistema de gestão de risco e terão de fornecer aos doentes informações sobre alternativas e efeitos secundários. Além disso, estes dispositivos terão de ter uma declaração de conformidade da parte da União Europeia.
O novo regulamento vai entrar em vigor depois de terem sido detetadas várias falhas de segurança. “Houve casos de pacemakers com ligação sem fios que permitiam a qualquer pessoa ligar-se ao aparelho e provocar uma descarga de 300 volts, que mataria a pessoa”, recorda o especialista.
Critical Software vai apostar nos dispositivos médicos
A empresa de Coimbra, tendo isso em conta, recorreu à experiência para construir um software “muito simples, para se provar que é seguro. Não conseguimos construir uma firewall nestas dispositivos”.
A aposta nestes equipamentos começou no final do ano passado e “gerou muito interesse internamente”.
Na fase de conceito, “tentámos perceber se o dispositivo se liga a outros equipamentos. Há ameaças que têm de ser mitigadas, através da encriptação da comunicação entre o dispositivo médico e outros equipamentos”.
Isso tem implicação “dentro do hardware, que terá de suportar a encriptação e algoritmos pesados, que não podem ter quaisquer falhas”. Este sistema da Critical Software inclui também um sistema de autenticação.
A nova área de negócio da tecnológica tem sido desenvolvida a partir de Portugal, em diálogo com parceiros alemães e do Norte da Europa.
Admite-se, no entanto, a abertura de um novo escritório na Alemanha “porque temos um cliente lá” e também por causa da parceria, na área automóvel, com a BMW. “Tem-nos ajudado a abrir muitas portas”, reconhece Luís Gargaté.
Critical Software. A empresa que faz soluções em que se pode confiar
No próximo ano, a equipa da Critical Software nesta área deverá contar com cerca de 20 pessoas – inclusive, engenheiros biomédicos – e calcula-se que no futuro represente “10% das receitas totais da Critical Software”.
Estas receitas também incluem os negócios no setor do espaço, aeronáutica, defesa, transportes e mobilidade, telecomunicações, energia e o setor financeiro.
Deixe um comentário