//CTT. Os desafios do novo CEO e a sombra da reprivatização

CTT. Os desafios do novo CEO e a sombra da reprivatização

Francisco Lacerda renunciou, esta sexta-feira, à presidência dos CTT, cargo que ocupava desde 2012, altura em que a empresa ainda pertencia ao Estado. Licenciado em administração e gestão de empresas, e com um currículo que tem saltado entre a banca e a indústria, sai dos CTT depois de arrancar com um plano de modernização e transformação interna da empresa. Deixa o caminho livre para que seja já o seu sucessor a renegociar o contrato de concessão do Serviço Postal Universal, numa altura que muitos debatem se deve ou não manter-se na esfera privada.

É essa a principal linha que irá coser o futuro do novo CEO que, segundo o Eco, poderá vir a ser João Bento, administrador nomeado pelo principal acionista individual, Manuel Champalimaud. As pistas dos “desafios” estão contidas no Comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) onde o gestor defende “ser do interesse da Sociedade proceder a uma transição da liderança da equipa”, numa fase em que “os 3 pilares críticos da estratégia aprovada para o mandato 2017/2019” estão consolidados. Agora é hora focar “na preparação dos desafios”, diz, “com destaque para o quadro contratual e regulatório da concessão do Serviço Postal Universal”.

Passados cinco anos da privatização, a empresa não é alheia a uma avaliação política que terá, mais cedo ou mais tarde, de decidir se o serviço postal universal volta para o controlo do Estado. No início do ano, a ANACOM constatou que eram já 33 os concelhos sem estações dos correios quando, em 2013, eram apenas dois. O regulador dizia ainda que era “expectável” que o número subisse para 48 no curto prazo.

São os efeitos secundários do plano de Transformação Operacional e do plano de Modernização e Investimento que esta administração iniciou. A empresa CTT – Correios de Portugal é, “em território nacional, a prestadora do serviço postal universal até 31 de dezembro de 2020”.

Já se contam três propostas para renacionalização dos correios e, embora todas tenham sido chumbadas na Assembleia da República, o debate sobre a “defesa do interesse público” é cada vez mais frequente.

Acelerar a reestruturação, mas também colocar o Banco CTT na linha da frente junto aos concorrentes nacionais também deverão ser prioridades para o novo gestor que irá suceder ao cargo.

João Bento é o nome mais falado nos corredores para o futuro da presidência executiva da empresa. Engenheiro Civil de formação, e especialista em sistemas inteligentes, João Bento é o administrador nomeado por Manuel Champalimaud, principal acionista individual dos CTT. Nascido em novembro de 1960 assou pela Efacec, Grupo Mello ou OZ Energia.

Francisco José Queiroz de Barros de Lacerda é seu contemporâneo. O CEO nasceu em Lisboa, em setembro de 1960. Ao longo de 25 anos, Francisco Lacerda teve a seu cargo várias pastas na banca de investimento, onde se destacam a presidência executiva do Banco Mello, administração executiva do Millenium BCP, bem como a gestão da Cimpor. Teve ainda uma passagem pela administração não-executiva da EDP Renováveis.

Ver fonte