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Afastando-se cada vez mais da etiqueta low cost, a Dacia é hoje uma marca que tem por missão oferecer a melhor relação custo-benefício, o que em inglês se define na expressão value for money. Focando-se no essencial para a marca e os clientes, Xavier Martinet, vice-presidente para as áreas de Vendas, Marketing e Operações, destaca o empenho da marca romena em estabelecer-se como a que oferece o que os clientes procuram, puxando pelo desenho para consolidar em solo europeu.
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“Fazemos parte do Grupo Renault e estamos a trabalhar na complementaridade das marcas, com a Renault a puxar pela eletrificação e a Dacia a focar-se na abordagem value for money. É o que queremos manter. As duas principais razões de compra em qualquer mercado são o preço e o design, ou seja, a [compra] é racional mas também emocional”, destaca Martinet, que reforça a necessidade de um desenho chamativo.
“As pessoas querem comprar e conduzir um carro de que se orgulhem e é por isso que estamos a trabalhar neste posicionamento evolutivo. Queremos manter a abordagem de acessibilidade característica que fez da Dacia uma companhia única no mercado e ao mesmo tempo desenvolver um design mais aspiracional, que as pessoas queiram comprar”, embora nunca perca de vista a necessidade de praticar um preço considerado justo para o cliente.
“Quando desenhamos um produto ou um serviço Dacia, o preço para o cliente tem de ser um fator inicial. Não nos basta dizer que “queremos isto e aquilo” e o preço surge por consequência. Não, o preço tem de ser um fator da equação. É isso que faz da Dacia uma marca tão bem-sucedida e que temos de manter, ainda que estejamos a tentar evoluir – se não o fizermos, se o preço for o único fator, corremos o risco de aparecer um mais barato. Temos mesmo de ser aspiracionais sem esquecer de onde viemos”, diz.
Eletrificação é questão de tempo
Assumindo que a eletrificação é uma das metas também para a Dacia, Martinet destaca o impacto positivo que o seu primeiro elétrico, Spring, tem nas vendas, representando 12% das encomendas na Europa. Voltando a apontar a complementaridade entre Renault e Dacia, a grande questão é quando se tornará viável e interessante em termos de custo para o cliente a oferta híbrida. “Hoje, quando olhamos para as vendas temos 12% de mix elétrico com o Spring e 35% ou 36% no GPL, que pensamos ser uma solução bastante inteligente, porque o custo da tecnologia não é muito alto e o beneficio é muito grande, com uma redução de 10% no CO2 e de 90% nas partículas nocivas. A base da nossa estratégia é a plataforma CMF-B, sobre a qual já temos o Sandero e o Jogger e sobre a qual serão baseados os novos Duster e Bigster. Por outro lado, temos os [Renault] Clio e Captur nessa plataforma, pelo que as motorizações híbridas desses estão disponíveis. A questão não é se podemos ter híbridos ou plug-ins, mas quando é que são precisos. E isso é quando os clientes estiverem preparados para pagar por isso. As pessoas dizem que querem um híbrido, mas pagam mais 5 ou 6 mil euros? Hoje, nem por isso”, explica, abrindo um pouco mais o livro quanto à estratégia para a entrada no segmento C com o futuro Bigster, um SUV de dimensões acima do Duster.
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“Quando temos 64% de clientes que voltam a comprar um Dacia, sabemos que alguns abandonam a marca porque não há um representante no segmento C e querem um modelo dessa categoria. O Bigster será a resposta. Temos um objetivo de cinco modelos chave e com isso iremos cumprir 80% das necessidades da Europa”, afiança Martinet, que também já foi responsável pela Renault em Portugal. Perante o cenário atual de aumento de inflação (com reflexo para o cliente), o responsável antecipa desafios para a generalidade dos construtores, incluindo para a Dacia, mas vislumbra oportunidades.
“O segmento C-SUV é o maior da Europa e o que faz mais dinheiro e é importante para a Dacia estar neste mercado. É importante também porque acreditamos que, com todas as normas previstas para breve, como a Euro 7 em 2026, os modelos do segmento C-SUV poderão vir a custar 40 ou 50 mil euros em países como França e Alemanha. Nem falo em Portugal, com os impostos que tem. As pessoas dirão: “50 mil euros por um C-SUV? Não quero ou não posso comprar.” E é aí que acreditamos que podemos trazer algo para o mercado que pode ser bastante procurado”, diz, acreditando que a Dacia terá espaço para crescer, mesmo em ambiente menos positivo.
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