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A produção de máscaras de forma massiva, em 2020, permitiu à LaGofra manter os seus funcionários a trabalhar em pleno durante a pandemia, apesar de as encomendas de vestuário terem desaparecido por completo. E geraram mesmo a melhor faturação de sempre da empresa de confeções de Paços de Ferreira que, com a Daily Day, foi uma das três primeiras marcas de máscaras sociais à venda, nos últimos dias de abril de 2020. Agora, três anos passados, a empresa encontrou solução para os stocks de malhas já cortadas para produzir essas máscaras que ficaram sem uso: o one strip grocery bag, cujas primeiras unidades seguem em breve para os Estados Unidos.
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O one strip grocery bag é, como o nome o indica, um saco criado com uma só tira de malha de 2,30 metros por 19 centímetros que é dobrada sucessivamente, com inspiração na arte origami, e cosida nas laterais e a meio, para lhe dar dimensão. Fica com uma capacidade total de 9,5 litros, correspondentes a 53 centímetros de altura por 33 de largura.
“Foi um exercício muito giro, de geometria, que levou o seu tempo, entre a dobra aqui e a dobra acolá, até encontrar a solução ideal, mas que gerou um saco que, todo embrulhado – tem um elástico, que incorpora a etiqueta com a informação da composição e cuidados de lavagem, pode ser levado na mochila ou na carteira, na ida às compras. E que vai ter uma durabilidade extraordinária, já que é feito com a mesma malha das máscaras, que podiam ser lavadas a 60 graus, vezes sem conta”, diz Filipe Prata, responsável da LaGofra.
O sucesso que gerou levou ao desenvolvimento de outro saco, na mesma lógica, mas maior (com tiras de 22 cêntimos por 3,10 metros), que é produzido da mesma forma. Já não usa malhas em stock, mas é igualmente sustentável porque não gera qualquer desperdício. O one strip tote bag tem 16 litros de capacidade (70 cm de altura por 38 de largura). Estão ambos à venda na loja online da Daily Day, mas o objetivo é que cheguem aos principais mercados da empresa, na Europa e América do Norte.
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Criada em 2012, mas com origens que remontam a 1934, a LaGofra é uma empresa familiar, gerida pela segunda geração – os irmãos Filipe e Ana Prata -, que conta com 55 trabalhadores e fechou 2022 com vendas de dois milhões de euros. A exportação vale 90%. Para este ano, o objetivo estabelecido é faturar 2,5 milhões, mas, e apesar do arranque do ano estar a ser “extraordinário”, com crescimentos de 40% face ao período pré-pandemia, o clima de incerteza preocupa.
“Está a ser o melhor arranque de ano de sempre. A mantermos este ritmo, passaríamos os três milhões, mas estou inseguro. É verdade que temos encomendas até ao final do ano, o que é a primeira vez que acontece, mas ainda faltam três trimestres e há relatos de dificuldades em todos os mercados. Muitos dos nossos clientes estão a queixar-se que as vendas estão muito baixas, o que nos deixa muito apreensivos”, explica Filipe Prata.
A empresa, que pretende ter as marcas próprias – LaGofra para exportação e Daily Day no mercado nacional – a valerem 50% da sua faturação dentro de três anos, tem previsto investir cerca de meio milhão de euros nos próximos dois anos, em novos equipamentos produtivos, para “alagar as suas competências” com novos produtos em desenvolvimento. “A versatilidade tem sido o nosso grande segredo até hoje, muito apoiados nas multicompetências dos nossos quadros”, diz o responsável da LaGofra. Que sustenta: “Temos a sorte de ter três designers que sabem criar, fazer a modelação e fabricar as peças, o que nos dá uma ajuda imensa no desenvolvimento dos produtos, em termos de qualidade técnica e teórica. Permine-nos fazer peças simples, que assentam bem, mas com grande rigor estético”.
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