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Quando surgiu, em 1919, em Barcelona, Espanha, a Danone foi pensada para ajudar as crianças espanholas que sofriam de infeções intestinais. Começava assim a ser produzido e comercializado o iogurte, um produto há muito conhecido pelos seus benefícios.
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A empresa foi crescendo, tem hoje sede em França e chegou a Portugal, mais propriamente a Castelo Branco, na década de 1980. Apesar da produção da Danone estar espalhada por Espanha e França, por cá é produzida a maior parte dos iogurtes líquidos da marca. Isto, porque, ao contrário de outros países – em Espanha, por exemplo, consome-se mais como sobremesa sólida -, por terras lusas preferimos beber os iogurtes.
“O mercado português é um mercado muito de líquidos, e ainda estamos a produzir aqui uma parte importante”, diz Judith Gonzalez Sans ao Dinheiro Vivo. A diretora-geral da Danone Portugal explica que a empresa está sempre atenta aos consumidores dos países onde está implementada e o nosso não é exceção. “Ainda que não produzamos aqui os produtos, o que tentamos é que seja sempre com um sabor que os portugueses gostem”, afirma, explicando que para dar aos clientes nacionais o que mais apreciam, a companhia leva a cabo muitos testes com consumidores. “Escutar as pessoas é muito importante.
É preciso que sejam os consumidores a ter palavra e que não seja uma opinião nossa”, declara. Judith Gonzalez Sans chegou a Portugal em plena pandemia, em outubro de 2021. Consigo trouxe uma experiência de quase duas décadas no grupo Danone, que foi precisa para ultrapassar toda uma situação de fragilidade. “Perceber a realidade do país é crucial para depois dar resposta às necessidades, neste caso, dos portugueses”, frisa.
Quase logo de seguida começou a guerra na Ucrânia e a inflação disparou. “Tento sempre ver a parte da solução e não do problema. Então, naquela altura, foi preciso pensar que somos uma empresa sólida, com reputação e que em um momento como aquele temos que reforçar e investir nas nossas marcas, investir no consumidor e sair ainda mais reforçados”.
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A crescer
Se bem o disse, melhor o fez. “O ano de 2022 foi de crescimento, para a Danone em Portugal, crescemos mais 5% em vendas”, revelou, sublinhando, no entanto, que o importante não são os resultados. “O mais importante para mim é a sensação que estamos a construir também algo sólido para o futuro”. E o futuro da Danone não é só iogurtes. “Temos o Plantbased e Specialized Nutrition, como Fortimel (proteína), temos a Aptamil, marcas muito potentes e um canal mais de farmácia”, que ajudaram em muito no crescimento da empresa.
Por isso, segundo a responsável, “2022 foi um ano que começou muito desafiante e acabou melhor do que iniciou”. O facto de a Danone ser uma empresa que ouve os consumidores permitiu aos seus responsáveis perceber que para os portugueses a saúde é cada vez mais importante. “Com a covid, a consciência da fragilidade do nosso corpo e da nossa saúde ficou ainda mais evidente”, diz Judith Gonzalez Sans. “As vendas de todos os produtos de saúde com valor adicionado, tipo Actimel para as defesas, mais Anacol para o colesterol e também Alpro, estão a crescer em volume. Porque o consumidor está disposto a investir na sua saúde e estamos a ver isso”, detalha.
Pelo seu lado, a Danone pretende dar ao consumidor o que este quer. E num espaço de cinco anos, Judith Gonzalez Sans espera que a empresa cresça em Portugal. “Acho que estamos a construir o que o consumidor está a pedir. Temos toda a divisão da Specialized Nutrition, para a qual temos um plano de crescimento, e queremos duplicar o negócio em seis anos”, sendo que esta divisão fatura 30 milhões euros na atualidade.
Da mesma forma, a gestora explica que o objetivo é que os produtos plantbased cresçam entre 40 e 50% em seis anos. “Este ano, estamos perto de conseguir os 20 milhões de euros e queremos atingir esse crescimento. Achamos que em toda esta área de saúde, prevenção e “healthy aging” vai crescer.”
Os cereais, outra vez
Em meados de julho, a Rússia suspendeu o acordo de exportação de cereais. Judith Gonzalez Sans acredita que essa matéria-prima vai “voltar a ser um tema”. Embora a Danone faça por trabalhar em antecipação e tente ter stock, sabe que mais cedo ou mais tarde vai ser afetada. “
O que vamos tentar é manter o equilíbrio e tentar controlar dentro do máximo a subida, para que o consumidor seja minimamente afetado”, garante a responsável. “No ano passado, tivemos aumentos nas matérias-primas, como os cereais, de 30/40 ou mesmo 50%. Nos produtos que subimos, o aumento foi de uns 6%”.
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