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As receitas dos bancos europeus deverão continuar fortes no próximo ano, ainda que em níveis mais baixos que em 2023 devido a uma pressão sobre as margens e um menor crescimento da procura de crédito, segundo a DBRS Morningstar.
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“Para 2024, prevemos que os ganhos dos bancos continuem fortes, ainda que a níveis mais baixos que em 2023 devido à pressão sobre as margens e a um crescimento lento dos empréstimos, bem como ao aumento das despesas e dos custos de crédito”, refere a consultora numa análise hoje divulgada.
A agência de notação financeira antecipa que a qualidade dos ativos dos bancos deverá continuar a deteriorar-se gradualmente, à medida que juros mais altos e economias europeias mais enfraquecidas impactem as carteiras de créditos.
Entre as empresas, a DBRS refere que estas poderão ter dificuldades em transferir os custos com créditos para os clientes, enquanto as famílias deverão apresentar maior esforço em casos com taxas de juro variáveis – como no caso de Portugal.
Uma análise a 12 países coloca os bancos portugueses como alguns dos principais beneficiários do aumento das taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE), chegando mesmo a verificar a segunda maior margem líquida de juro média no primeiro semestre deste ano, atrás da Grécia.
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A margem financeira, resultado da diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos pelos depósitos, tem sido uma das principais forças contribuidoras para os lucros dos bancos em Portugal, devido à elevada percentagem de empréstimos com taxa de juro variável.
De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a setembro de 2023, 84,2% do montante total do “stock” de empréstimos para habitação própria permanente tinha taxa de juro variável, enquanto as modalidades mista e fixa representavam, respetivamente, 12,1% e 3,6%.
Segundo a DBRS Morningstar, Portugal está a implementar medidas para proteger as famílias e encaixa-se no lote de países, como Espanha, Itália, Grécia ou Países Baixos, que aplica ou está para aplicar alguma forma de imposto ou contribuição sobre os lucros elevados do setor bancário.
Recentemente, o BdP anunciou que, a partir 01 de outubro de 2024, os bancos que utilizam o método de notações internas vão passar a ter de fazer uma reserva de capital para os créditos a clientes particulares garantidos por imóveis destinados à habitação.
A decisão do BdP traduz-se na exigência do cumprimento de uma reserva para risco sistémico setorial de 4% sobre o montante das posições em risco sobre a carteira de retalho de pessoas singulares garantidas por imóveis destinados à habitação localizados em Portugal e deverá obrigar os bancos afetados a colocarem de lado cerca de 400 milhões de euros.
A DBRS não antecipa que um crescimento da procura de crédito contribua para uma maior receita líquida de juros nos próximos trimestres.
A agência constata ainda que as medidas de controlo de custos operadas pelos bancos através da redução do número de trabalhadores, “ajudou a diminuir o impacto da inflação salarial nos últimos dois anos”, mas assinalou que os salários “tendem a atrasar face à inflação”, o que poderá resultar no aumento das despesas em 2024.
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