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A inovação não pode esperar. Prova disso é que não passou sequer um mês desde que o grupo Nabeiro apresentou as novidades do seu braço de negócio para o empreendedorismo e já vem dar a conhecer novos projetos. Inclusive um que desafia a lei da gravidade. Trata-se de Rise, a nova máquina doméstica Delta Q, que tem incorporado um sistema de extração invertido (reverse injection system experience) que injeta o café através de uma válvula no fundo da chávena. O propósito? Proporcionar a temperatura ideal, criar um creme persistente e intensificar o paladar e os aromas naturais do café, explica Rui Miguel Nabeiro, CEO do conglomerado de 26 empresas e neto do fundador do grupo.
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“É talvez o maior investimento da história da Delta num novo produto”, conta o presidente executivo, sem adiantar valores. Entre a fase de desenvolvimento, que implicou cerca de quatro anos, e o lançamento, passaram-se nove anos, demora em parte provocada pela pandemia e consequente crise das cadeias de abastecimento, que dificultou o arranque da produção. Uma ideia lusa, fabricada em Portugal, mas com toque francês. O conceituado designer e arquiteto Philippe Starck é o responsável pelo desenho da nova máquina da insígnia, que dispensa novas cápsulas, mas requer copos específicos.
Nascido no centro de inovação Diverge, o sistema, protegido por 20 patentes, vem acalentar a esperança do grupo fundado pelo Comendador Rui Nabeiro de continuar a crescer no mercado internacional e posicionar a Delta no top 10 mundial de marcas de café. Estimado há quatro anos, o prazo para alcançar a meta apontava para uma década. “Já só temos seis anos para lá chegar, mas vamos conseguir e acredito que o fator inovação nos vá ajudar”, vinca o responsável.
Estratégia que também dará frutos neste sentido será o rebranding, com a marca a apresentar uma imagem mais moderna, cápsulas com design mais sóbrio, simplificação da informação presente nas embalagens e nova assinatura. Segundo o CEO, o objetivo é “reforçar o posicionamento da marca como especialista de café expresso [Expressialista], evidenciando os atributos ao mesmo tempo que expressa o seu conhecimento, a sua dedicação e a expertise de mais de 60 anos da Delta Cafés”.
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Outros horizontes
As novas apostas vão além da Rise. Durante o evento, o público ficou a conhecer a Qampo, uma nova marca do universo Nabeiro dedicada à produção de salicórnia, uma planta que, no seu estado desidratado, serve de “alternativa saudável ao sal”, com um teor de sódio 75% inferior ao original produto marinho. “Uma aposta muito séria com os nossos parceiros e com a agricultura de Aveiro”, refere o CEO.
Do sal ao café vai alguma distância. E Rui Miguel Nabeiro deixa claro que, atualmente, o grupo não tem apenas marcas de café. Nos últimos tempos, o conglomerado dedicou-se também aos setores de bebidas e comida, trabalhando já 17 categorias diferentes.
A reestruturação da fábrica de Campo Maior faz também parte dos planos. Um investimento de dez milhões de euros vai permitir, a cinco anos, recapacitá-la com o objetivo de aumentar a produtividade. Ao momento, “torramos aproximadamente 26 milhões de quilos de café e queremos obviamente dotar a nossa fábrica de um aumento de produtividade na ordem dos 30%”, dá conta o presidente executivo, ressalvando que a capacidade ainda não está no limite. “Temos ainda folga para continuar a crescer, o que queremos é antecipar as necessidades”, acrescenta. Uma máquina de fabrico de cápsulas deverá chegar às instalações da Delta durante o próximo ano, para dar resposta ao crescimento dentro e além-fronteiras.
O mercado externo representa atualmente 35% do volume de negócios do grupo Nabeiro, estando a Polónia, intermediada pela Jerónimo Martins, a dar passos significativos que antecipam um crescimento exponencial, não só em cápsulas mas em todos os outros produtos. Além de Portugal, que detém uma quota em valor de 42%, o conglomerado, que emprega cerca de 3800 colaboradores, opera diretamente em Espanha, Angola, França, Luxemburgo, Suíça, Brasil e China. No total, são 35 países, além destes, para onde exporta – e que levam uma taxa de crescimento de 20%.
As previsões do grupo Nabeiro até final do ano apontam para um volume de negócios de 430 milhões de euros, valor 15% acima de 2019. Apesar de este ser “seguramente o melhor ano de vendas de sempre”, os números não vão significar os melhores resultados. A razão? O aumento dos preços de tudo, explica o CEO, destacando que os custos energéticos na fatura do grupo Delta aumentaram 800%. Por outro lado, do ponto de vista do consumo, não foi sentido qualquer tipo de abrandamento e o gestor aposta no mercado internacional como porta de acesso ao crescimento.
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