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O Esporão comemora 50 anos de existência em 2023, mas, para já, é tempo de assinalar os 25 anos de história na produção de azeite em Portugal. Um negócio que começou para dar resposta a solicitações do mercado brasileiro – que ainda hoje permanece como o maior mercado dos azeites da marca -, mas que vale já 15% das vendas totais da empresa, está a crescer a dois dígitos e deve fechar o ano nos nove milhões de euros. E há novas apostas, com o Esporão a preparar-se para lançar produtos inovadores no segmento dos vinagres.
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Esta não é, de todo, uma área totalmente desconhecida. O Esporão tem já vinagre de vinho tinto no mercado, mas a intenção é apostar na inovação, lançando novos produtos num segmento premium. “O Esporão fez um caminho muito interessante e importante no panorama nacional ao mostrar que era possível fazer azeites de autor, com outra qualidade e abordagem, e com os vinagres o objetivo é o mesmo. Queremos começar a escrever a história dos vinagres em Portugal”, diz Ana Carrilho, diretora da unidade de negócio de azeites do Esporão. Os novos vinagres deverão chegar ao mercado daqui por um ano, estando três produtos na calha: um vinagre biológico, um vinagre de cerveja Sovina e um vinagre de mosto da Herdade do Esporão. “Temos mais na calha, designadamente vinagres de outras origens do Esporão, mas esses estão mais demorados”, reconhece Ana Carrilhando, sublinhando que o objetivo é “provocar a discussão” sobre as melhores harmonizações com diferentes tipos de gastronomia. “A inovação faz parte do nosso ADN e só conseguimos viver felizes todos os dias através desta descoberta permanente e por termos espaço para essa superação contínua”, frisa.
A aposta do Esporão nos azeites data de 1997, mas Ana Carrilho chegou à empresa em 2013 (antes disso integrou, entre outros projetos, o departamento de pesquisa e desenvolvimento da Carapelli, em Itália, a maior empresa de azeites do mundo) para construir um lagar na Herdade do Esporão, destinado a dar resposta ao crescimento da procura deste produto. Representou um investimento de três milhões de euros e começou a produzir em 2016.
Hoje, a empresa tem 100 hectares de olival a sul, todos em modo de produção biólogico, distribuídos entre as variedades arbequina, cobrançosa, galega e cordovil, além de um pequeno olival no Douro, na Quinta dos Murças. Mantém relações de parceria com mais de 60 olivicultores alentejanos, que têm, em conjunto, cerca de cinco mil hectares de olival. “São parceiros que acompanhamos muito de perto, o que implica também uma grande responsabilidade social. São “parte de nós”, partilham dos nossos sucessos”, diz Nuno Cabral, responsável de marketing e venda do Esporão, que falou ao Dinheiro Vivo à margem da prova de azeites organizada pela empresa no Mercado do Bolhão, no Porto.
A valorização das variedades autóctones é uma das apostas da empresa, que teme pela extinção de muitas delas. “Bical, azeiteira, redondil ou a própria galega são variedades muito difíceis de encontrar”, admite Ana Carrilho, sublinhando o trabalho da empresa não só na procura de produtores que ainda têm dessas variedades para os integrar no seu rol de parceiros, como plantando mais área de oliveiras tradicionais. Tudo isto “passa sempre por pagar melhor aos produtores”, até porque se trata de variedades “que não há sequer no mercado”.
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A campanha do azeite arrancou no início de outubro, mas já se sabe que será um ano de “grandes azeites”, embora “muito difícil para as variedades portuguesas, que têm quebras de 70%”. É um ano de contra-safra, não só em Portugal, mas também em Espanha e em Itália, mas Nuno Cabral garante que não faltará azeite. “Temos as nossas necessidades asseguradas”, frisa.
Os azeites Esporão chegam a 33 mercados em todo o mundo, com o Brasil a assegurar 45% das vendas e Portugal 25%. Canadá e EUA são também mercados importantes. Esta é uma das quatro áreas de negócio da empresa, a par do enoturismo, da cerveja artesanal (com a Sovina, que comprou em 2018 ) e dos vinhos que, mesmo assim, ainda representam mais de 80% da faturação. Esporão teve em 2021 um ano histórico, com vendas recorde de 50 milhões de euros, um patamar que deverá ser batido já este ano, já que, refere Nuno Cabral, estão a crescer a dois dígitos.
Presente no Alentejo, no Douro e nos Vinhos Verdes, o Esporão tem 700 hectares de vinha, a esmagadora maioria dos quais em modo de produção biológico (é nos Verdes que o processo está mais atrasado). Questionado sobre a vontade de investir em novas regiões, este responsável é perentório: “Ambição temos sempre, mas temos ainda muito para fazer nestas três regiões. É nisso que temos de nos focar.”
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