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A Devoteam prevê atingir um volume de negócios de 75 milhões de euros e chegar às 1400 pessoas em Portugal, no final de 2022, revela o managing director da operação portuguesa, Bruno Mota, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
A estimativa tem em conta todas as quatro empresas que integram a operação portuguesa da francesa Devoteam, que fornece serviços de automação de negócios, e compara com uma faturação “a rondar os 60 milhões” em 2021. Já a perspetiva de ver o quadro de pessoal passar dos atuais 1200 profissionais para os ambicionados 1400 funcionários, até ao fim do ano, inclui já a diferença entre a meta de recrutar 400 pessoas e a antecipação da saída de “entre cem a 200 pessoas”.
Os números são o reflexo dos planos da Devoteam para o mercado português, cujo primeiro passo foi dado no final de janeiro, com o grupo Bold – participada da consultora tecnológica francesa há quatro anos – a assumir a marca e o posicionamento da casa-mãe. A operação portuguesa da Devoteam integra as empresas Bold, a Outfit, a Nubalia e a Integrity. Apenas a Integraty não assume para já a insígnia do grupo-mãe, mas entra nas contas.
A Devoteam entrou na estrutura acionista do grupo Bold em 2018, adquirindo 58% do capital (uma posição maioritária que cresceu a pouco e pouco para 61%). Bruno Mota explica que “desde aí estava previsto que a operação portuguesa assumisse a marca Devoteam, dentro de cinco anos”. O passo foi dado um ano antes do previsto e não representou qualquer nova alteração na estrutura acionista nem no funcionamento da operação nacional, cujo capital é partilhado pela Devoteam, por Bruno Mota (23%) e por outros quatro acionistas minoritários.
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Segundo o managing director da Devoteam Portugal (antes CEO do grupo Bold), o assumir da marca Devoteam “não mudou nada” em termos operacionais. No fundo, o posicionamento e estratégia locais passaram a assumir os desígnios globais da Devoteam. “A marca Bold era muito forte e posicionou-nos no mercado [desde que surgiu em 2009]”, diz Bruno Mota. Mas a marca Devoteam tem um peso internacional maior e “mais reconhecido em diferentes geografias”. Ou seja, assumir a insígnia da casa-mãe ajuda a “relançar a operação em Portugal e a consolidá-la internacionalmente”, numa altura em que 30% do que a Devoteam Portugal produz é exportação. A ideia é “continuar a ter a mesma presença a nível nacional, ao mesmo tempo que conseguimos mais clientes internacionais”, explica o gestor português.
“É mesmo muito importante manter o nosso posicionamento a nível local. A nível internacional, não temos de decrescer o volume de negócios temos é que fazer com que a faturação internacional acelere mais rápido”, acrescenta.
O grupo Devoteam está presente em 20 países e Portugal está “provavelmente no top 5”, em termos de faturação. Em termos da dimensão do quadro de pessoal, “Portugal é o segundo maior país a seguir a França”.
“A dimensão do nosso país é pequena, mas do ponto de vista do negócio é um país interessante”, defende Bruno Mota, explicando que o novo passo na estratégia para Portugal confirma isso.
Recrutar 400 talentos
Para consubstanciar o novo posicionamento e nova estratégia, a Devoteam Portugal pretende recrutar 400 novos profissionais. As vagas abertas destinam-se para às áreas de cloud, cibersegurança, business consulting, dados e analítica, tudo áreas que a empresa trabalha para materializar a automação do negócio de uma empresa cliente.
“Cinquenta e duas pessoas já entraram desde o início do ano”, contou o gestor, consciente que o trabalho de recrutamento terá de ser complementado com um esforço de retenção dos recursos humanos já na casa.
“Infelizmente não vão entrar só pessoas e estamos a contar perder entre cem a 200 trabalhadores”, diz, sublinhando que a escassez de talentos é real, a competição é maior e é “cada vez mais difícil encontrar profissionais com experiência. O que já leva a equipa de Bruno Mota a recrutar fora do país.
“O talento está escasso. E não somos diferentes do resto do mercado. Há muitas pessoas que saem. O que é que fazemos para mudar isso? Além de uma estratégia de foco, especialização e multidisciplinaridade, o nosso objetivo é sermos mesmo muito focados em algumas tecnologias e sermos os melhores a nível nacional e quiçá internacional nessas áreas”, diz.
No entanto, o desafio da captação e retenção de talento é visto também como uma oportunidade. Afinal, a adoção de uma marca mais global e relevante entre players mundiais é vista por Bruno Mota como uma ajuda para “criar uma cultura empresarial forte” dentro de portas, fomentando não só interesse junto dos novos talentos, como criando “coesão e estabilidade” para quem já está na empresa, minimizando os efeitos de uma “sensação de attrition [desgaste] de que todos falam”.
Mais talentos, mais escritórios? Não necessariamente, segundo o managing director da Devoteam Portugal, indicando que o modelo de trabalho remoto já era uma realidade antes da pandemia. “Já temos esse conceito de nómada digital há sete ou oito anos”, adianta. Mesmo assim, aos escritórios de Lisboa, Porto e Aveiro, Bruno Mota admite estar “sempre atento” e que a empresa está “sempre a avaliar” a ideia de abrir mais um, mas “sem prazos, porque as decisões têm de ser fundamentadas”.
Na entrevista ao DV, Bruno Mota revelou, ainda, que a empresa também está a contribuir para a transição digital do país, considerando que “o país é favorável ao digital, há interesse, mas muito a fazer”.
O Plano de Recuperação e Resiliência é uma boa “arma”? “É importante e nós estamos posicionados. Já nos envolvemos em alguns projetos. Neste momento, temos uma equipa focada no setor público e estamos posicionados nessa perspetiva de negócio. Correndo tudo bem, vai haver oportunidades para todos”, responde.
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